domingo, 1 de maio de 2016

No Dia do Trabalho, Getúlio Vargas e JK reuniam multidão em São Januário

 No estádio, Getúlio assinou criação do salário mínimo e da CLT, em 1943. Na ditadura de 64, mensagens de 1º de maio à ‘família operária’; e, em 1981, atentado do Riocentro
Carro aberto. O presidente Getúlio Vargas durante as comemorações do Dia do trabalho, no Estádio de São Januário



















O Estádio de São Januário — o maior do Brasil até a construção do Pacaembu, em São Paulo, em 1940 — era o cenário para comemorações do Dia do Trabalho pelos presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), Vargas reunia no dia 1º de maio dezenas de milhares de pessoas no estádio, onde da tribuna fazia longos discursos. Foi lá que o líder da Revolução de 30, que pôs fim a República Velha (implantada em 1889 após o Império ruir), anunciou a criação do salário mínimo no país e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

 No próprio estádio do Vasco da Gama, Getúlio assinou o decreto-lei criando o mínimo, em 1º de maio de 1940, que variava entre 90 mil reis, no interior do Nordeste, e 240 mil reis, nas grandes cidades. A remuneração deveria ser capaz de cobrir as necessidades mínimas de uma família de quatro pessoas. No ano seguinte, na mesma data e no mesmo local, o presidente assinou a criação da Justiça do Trabalho e, em 1943, foi a vez da assinatura da CLT, incluindo os direitos trabalhistas na legislação brasileira.

Em plena Segunda Guerra Mundial, Vargas, que havia chefiado o Governo Provisório (até 34) e depois se elegeu presidente pela Assembleia Nacional Constituinte (1934-1937), costumava comandar no estádio do Vasco um “comício cívico-militar-esportivo”, conforme reportagem do GLOBO na época. No Dia do Trabalho de 1942, por exemplo, diante das arquibancadas superlotadas, desfilaram operários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) — recém-criada pelo governo para incentivar a industrialização brasileira —, estudantes e até soldados em tanques e bateria antiaérea.

Nos anos 50, o presidente Juscelino Kubitschek também fez pronunciamentos no estádio, inaugurado três décadas antes, em 21 de abril de 1927 (na época, era o maior estádio da América do Sul). JK comparecia às comemorações do 1º de maio sempre em companhia do ministro do Trabalho e de membros do seu gabinete militar. No Dia do Trabalho de 1957, JK desfilou em carro aberto acompanhado por uma multidão, dando uma volta na pista de atletismo do Vasco. Preocupado com os efeitos da inflação no bolso do trabalhador, ele afirmou, em discurso, que todos os esforços estavam sendo feitos no país para “impedir que a moeda perdesse o seu poder aquisitivo”.

Durante a ditadura militar (1964-1985), os presidentes também aproveitavam as comemorações do 1º de maio para divulgar mensagens aos trabalhadores brasileiros. No auge dos anos de chumbo e da repressão ao movimento sindical no país, o presidente Médici afirmou, em sua mensagem de 1972, que o governo lutava “pela dignificação dos que trabalham, pelo fortalecimento de um sindicalismo autêntico e pelo crescente bem-estar da família operária”.

Depois da assinatura da Lei da Anistia pelo presidente João Figueiredo em 1979, atentados a bomba de grupos de extrema direita, contrários à lenta abertura política, ocorreram em várias cidades do país. Em 1981, durante o show do 1º de maio, houve o atentado do Riocentro. Enquanto 20 mil pessoas assistiam ao espetáculo, promovido pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade) para comemorar o Dia do Trabalho e protestar contra a ditadura, no estacionamento uma bomba explodiu no interior de um Puma, matando o sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado, que servia no DOI-CODI.


Criado em 1889, em Paris, o Dia do Trabalho homenageia operários que protestaram em Chicago, três anos antes, por melhores condições de trabalho. As manifestações foram duramente reprimidas pela polícia e resultaram em prisões, feridos e até mortes.

1º DE MAIO – DIA DO TRABALHO


O Dia do Trabalho é celebrado em vários países em 1º de maio. Essa data está relacionada com eventos ocorridos na cidade de Chicago em 1886.


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Desde o fim do século XIX, nos Estados Unidos da América, no Brasil e em vários outros países ocidentais, o dia 1º de maio é tido como o Dia do Trabalho ou o Dia do Trabalhador. Tal data foi escolhida em razão de uma onda de manifestações e conflitos violentos que se desencadeou a partir de uma greve geral. Essa greve paralisou os parques industriais da cidade de Chicago(EUA), no dia 1º de maio de 1886. Para compreendermos os motivos que levaram os trabalhadores a tal greve e o porquê da escolha desse dia como marco de memória, é necessário conhecer um pouco do contexto do período.

Sabemos que, durante o século XVIII, ocorreu, em solo inglês, um dos acontecimentos mais importantes da história da humanidade: a Revolução Industrial. Da Inglaterra, o processo de industrialização alastrou-se, inicialmente, pela Europa e, depois, para outros continentes, como o americano. Uma das consequências mais patentes da Revolução Industrial foi a formação de grandes centros urbanos, fato que gerou, consequentemente, uma grande concentração de pessoas em seu entorno, sobretudo de operários, cujo trabalho nutria as indústrias.

A formação da classe operária demandou uma série de necessidades que nem sempre era efetivamente cumprida pela burguesia industrial. As horas trabalhadas eram, muitas vezes, excessivas e a relação entre empregado e empregador nem sempre era amistosa. Nesse contexto, surgiram os sindicatos e os movimentos de trabalhadores, orientados por ideologias de esquerda, como o anarquismo (anarcossindicalismo) e o comunismo.
A principal forma de ação das organizações de trabalhadores com vistas à exigência de direitos era a greve. A greve geral tornou-se um instrumento de pressão frequentemente usado. Entretanto, às greves também se juntavam outras práticas, como a ação direta, que consistia em manifestações violentas. A greve geral de 1º de maio de 1886, em Chicago, resultou em forte repressão policial. Tal repressão estimulou ainda mais manifestações que transcorreram nos dias seguintes.

No dia 04 de maio, em uma manifestação na praça Haymarket, na cidade referida, uma bomba explodiu matando sete e ferindo dezenas de pessoas, entre policiais e manifestantes. A explosão de tal bomba provocou o revide dos policias com tiros sobre os manifestantes. Outras dezenas de pessoas morreram na mesma praça. Esse conjunto de eventos, desencadeados a parir de 1º de maio, tornou-se símbolo para as manifestações e lutas por direitos trabalhistas nas décadas seguintes em várias partes do mundo.

No caso específico do Brasil, a menção ao dia 1º de maio começou já na década de 1890, quando a República já estava instituída e começava um processo acentuado do desenvolvimento da indústria brasileira. Nas duas primeiras décadas do século XX, começaram a formar-se os movimentos de trabalhadores organizados, sobretudo em São Paulo e no Rio de janeiro. Entre esses movimentos, também figuravam ideologias como o anarcossindicalismo, de matriz italiana, e o comunismo.


Em 1917, a cidade de São Paulo protagonizou uma das maiores greves gerais já registradas. A força que o movimento dos trabalhadores adquiriu era tamanha que, em 1925, o então presidente Arthur Bernardes acatou a sugestão que já ventilava em várias partes do mundo de reservar o dia 1º de maio como Dia do Trabalho no Brasil. Dessa forma, desde esse ano o 1º de maio passou a ser feriado nacional. Na época do Estado Novo varguista, a data era deliberadamente usada para eventos de autopromoção do governo, com festas para os trabalhadores e muitos discursos demagógicos.

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