Ex-presidente
do PT diz que ajuste fiscal não pode recair sobre os mais pobres

RIO -
Ex-presidente do PT, escolhido para recuperar a imagem do partido após o
escândalo do mensalão, Tarso Genro disse neste domingo que se preocupa com a
possibilidade de a presidente Dilma Rousseff não chegar ao fim do mandato. E
que um eventual pedido de impeachment da presidente “depende mais da política
que do Direito”.
— Tenho essa
preocupação, sim. Evidentemente, têm processos legais que podem ser levados a
isso, e nós sabemos que a interpretação de um pedido de impedimento depende
muito mais da política do que do Direito — disse Tarso, em entrevista ao
colunista do GLOBO Jorge Bastos Moreno, no programa “Preto no Branco”, do Canal
Brasil.
Para o
ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça, Educação e
Relações Institucionais no governo Lula, a única forma de afastar a
possibilidade de impeachment de Dilma é mudar a política econômica:
— O governo,
para afastar a criação de um bloco social capaz de dar sustentação para o
impedimento, de um bloco parlamentar, teria que mudar a política econômica e
monetária. Teria que fazer um ajuste que não se debruçasse sobre as costas dos mais
pobres.
Ao comentar
o ajuste fiscal do governo, personificado pelo ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, Tarso disse que a paternidade do ajuste deve ser atribuída ao governo.
— O ajuste
que está aí não é do Levy, é do governo — afirmou o petista, sugerindo que o
governo tem duas opções para sair da crise: uma solução “inovadora”, que seria
organizada pela esquerda, ou “tomar medidas que todos os governos tomam”: — Ou
seja: não gastar e transformar o problema em uma crise de orçamento, que é uma
forma absolutamente medíocre de responder a essas grandes questões históricas.
O petista
criticou ainda as alianças do governo do PT. Ele acredita que, no futuro, o
partido deve pensar em um novo sistema de entendimento com aliados.
— Acho que o
PMDB tem obrigação de dar governabilidade ao governo da presidenta Dilma. Nós
temos que defender seu mandato e honrar a votação popular. O PMDB tem obrigação
com isso, mas entendo que meu partido deve pensar um novo sistema de alianças,
cuja governabilidade não seja tão pragmática e imediatista como essas que se
fizeram até agora em todos os governos.
Para Tarso,
a aliança do PT com o PMDB chegou ao fim.
— Essa
aliança já acabou - disse o petista, acrescentando: — O primeiro partido do
governo hoje é o PMDB.
Perguntado
sobre quadros do PT para concorrer à Presidência em 2018, Tarso citou outros
nomes além de Lula, e disse que não seria candidato.
— Há outros
quadros de alta respeitabilidade: (Fernando) Pimentel (governador de MG),
(Jaques) Wagner (ministro da Defesa), (Aloizio) Mercadante (ministro da Casa
Civil).
transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
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