sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Megainvestigação aponta que facção tem 6 mil integrantes presos em SP



O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que não vai se intimidar com as revelações da maior investigação da história do Ministério Público do estado. Com base em escutas telefônicas, os promotores avaliaram que a quadrilha que age dentro e fora de presídios chegou a cogitar o assassinato de Alckmin, conforme reportagem do Jornal Nacional.
Os resultados dessa investigação foram publicados na edição desta sexta-feira (11) do jornal “O Estado de S.Paulo”. É da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau que os chefes da quadrilha dão ordens para outros criminosos. Para falar com quem está do lado de fora, eles pagam caro por um telefone: R$ 25 mil.
Em uma das gravações autorizadas pela Justiça, um preso paulista oferece ajuda para negociar uma trégua nos morros do Rio de Janeiro. “É guerra de vocês, entendeu? Nós estamos aí... Se vocês quiser intermediar uma paz, a gente tamo aí porque a gente... o crime fortalece o crime, e tal”, disse Roberto Soriano. O jornal “O Estado de S.Paulo” trouxe detalhes da investigação do Ministério Público (MP).  Segundo o MP, o bando fez planos para resgatar presos e enriqueceu com o tráfico de drogas e armas. A facção tem 6 mil integrantes nas prisões e 1,8 mil nas ruas atuando em todos os estados, além do Paraguai e da Bolívia.
Os promotores também conseguiram um registro raro: Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da quadrilha, falando ao telefone.
“Rapaz, eu tô com 50 homicídios! e sumariando, meu! se liga!”, disse Marcola. Um homem conhecido como Magrelo conversa com o chefe da quadrilha. “Porque você tá aí, né? Mas se tá fora também...”, disse Magrelo. “Eu dei risada porque acabou, mano. Mataram eu em vida, entendeu?”, disse Marcola.
Marcola - acusado de ordenar a série de ataques em São Paulo em 2007 - afirma que, graças ao crime organizado o número de homicídios caiu no estado. “Dez anos atrás todo mundo matava todo mundo por nada, entendeu. (...) Hoje pra matar alguém é maior burocracia. Então quer dizer, os homicídios caíram não sei quantos por cento, aí eu vejo o governador chegar lá e falar que foi ele”, disse Marcola.
O secretário de Segurança, Fernando Grella Vieira, rebateu. ”Essa é uma afirmação de quem se julga mais importante do que é, uma afirmação de um fanfarrão, na verdade os homicídios caíram em São Paulo graças a um trabalho intenso da políticas de segurança, o incremento de investigação, são todas as ações que contribuíram para essa queda”, disse.
Outra ligação chamou a atenção dos promotores. Nela, os presos falam sobre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Depois que o governador entrou aí, o bagulho ficou doido mesmo, cara. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara. Na época que nós decretou ele (governador)”, diz o investigado. Para o Ministério Público, "decretou" significa uma ordem para matar.
Nesta sexta, Alckmin disse que o estado não vai ceder aos criminosos. “Quero dizer que as coisas vão ficar muito mais difíceis ainda para eles. Nós não vamos retroceder um milímetro, não vamos hesitar um milímetro no duro combate às organizações criminosas”, disse.
Durante três anos, os promotores que investigam o crime organizado mapearam a ação de toda a quadrilha. Cento e setenta e cinco suspeitos foram denunciados por tráfico de drogas, compra e posse de armas, formação de quadrilha e assassinatos. Trinta e cinco deles deveriam ser transferidos para isolamento no Regime Disciplinar Diferenciado - o RDD - onde ficariam incomunicáveis, mas o juiz de Presidente Venceslau negou os pedidos. O Ministério Público recorreu.
Sem autorização da justiça para isolar os bandidos, a principal medida do governo é bloquear o uso do celular nas prisões. A licitação está em andamento e a promessa é de que eles sejam instalados em Presidente Venceslau, em janeiro.

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