quarta-feira, 24 de julho de 2013

Termina velório de Dominguinhos e corpo deixa Assembleia de SP

Corpo de Dominguinhos é retirado da Assembleia de SP após velório (Foto: Tatiana Santiago/G1)

Terminou às 15h40 desta quarta-feira (24) o velório do músico Dominguinhos, que acontecia na Assembleia Legislativa de São Paulo, na Zona Sul da cidade, desde a madrugada. O corpo seguirá para o Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, de onde será levado para o Recife em um voo às 23h10. Nesta quinta-feira (25), o corpo será velado na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco e deverá ser enterrado na sexta-feira (26).
Durante o velório, um representante do Grammy Latino entregou à família do músico o prêmio ganho na categoria “Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileiras” em 2012 pelo CD “O Iluminado”. Os responsáveis pelo prêmio aguardavam a saída do músico do hospital para entregar o troféu, por isso decidiram prestar a homenagem durante a cerimônia.
O artista morreu nesta terça-feira (23), aos 72 anos, no Hospital Sírio-Libanês. Ele lutava havia seis anos contra um câncer de pulmão. De acordo com o hospital, o músico morreu às 18h em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas.

Ao longo do tratamento, ele desenvolveu insuficiência ventricular, arritmia cardíaca e diabetes. Dominguinhos foi transferido para a capital paulista em 13 de janeiro. Antes, esteve internado por um mês em um hospital no Recife.

Ainda segundo ela, quando a doença foi diagnosticada, os médicos deram uma expectativa de vida de 6 a 8 meses. Dominguinhos resistiu por quase sete anos “muito felizes”, segundo Guadalupe.
Coberto de amor

A ex-mulher do músico, Guadalupe Mendonça, afirma ter acompanhado os últimos momentos de Dominguinhos no hospital. Ela conta ter agradecido a ele pela companhia. “Ele foi coberto de muito amor. Ele estava indo e eu dizendo: 'A gente te ama muito. Eu, a Liv (filha), o Luca, que é o nosso neto, e o povo todo te ama muito. Então vai em paz'. Assim, sua obra, sua genialidade e sua generosidade vão ficar perpetuadas na sua música”, disse.
Guadalupe diz ter acompanhado últimos momentos de Dominguinhos (Foto: Letícia Macedo/G1)
“Fiz muitas loucuras dentro da UTI. Sempre tinha música dele lá dentro", conta ela, que levava um aparelho de som para tocar músicas dele e de artistas que Dominguinhos gostava, como Frank Sinatra. “O gosto musical dele era muito sofisticado”, disse a ex-esposa.
Mauro José Silva de Moraes, filho de Dominguinhos, disse que o pai era uma pessoa muito humilde e com uma grande musicalidade. "Na área dele, acho que era o último dos moicanos. Acho que vai ser difícil encontrar um igual a ele, a musicalidade que ele tinha, tocava de ouvido, era uma coisa impressionante".
O baixista Heraldo Trajano, que tocou com Dominguinhos durante 20 anos, considera a morte do músico uma perda muito grande. "Ele sempre tinha uma carta na manga com o talento que ele tinha e sabedoria musical", disse. Segundo Trajano, Dominguinhos já apresentava sinais de que não estava bem durante o último show, no dia 13 de dezembro.
"Ele colocou a mão no meu ombro e disse: 'Hoje não estou legal'. O show era para ter uma hora e meia e acabou tendo 45 minutos no máximo". Segundo o baixista, as músicas que Dominguinhos mais gostava de tocar eram "Lamento sertanejo", "De volta pro meu aconchego", "Só quero xodó" e "Retrato da vida".
Frank Aguiar disse que foi influenciando por Dominguinhos (Foto: Tatiana Santiago/G1)
O cantor e compositor Frank Aguiar, vice-prefeito de São Bernardo do Campo, também compareceu ao velório e disse que aprendeu muito com Dominguinhos, que influenciou sua carreira.  "A música brasileira hoje está de luto. Dominguinhos sem dúvida alguma foi, é e sempre será um dos maiores patrimônios da música brasileira", afirmou.
Biografia
Considerado o sanfoneiro mais importante do país e herdeiro artístico de Luiz Gonzaga (1912-1989), José Domingos de Morais nasceu em Garanhuns, no agreste de Pernambuco. Conheceu Luiz Gonzaga com 8 anos. Aos 13 anos, morando no Rio, ganhou a primeira sanfona do Rei do Baião, que três anos mais tarde o consagrou como herdeiro artístico.
Instrumentista, cantor e compositor, Dominguinhos ganhou em 2002 o Grammy Latino com o “CD Chegando de Mansinho”. Ao longo da carreira, fez parcerias de sucesso com músicos como Gilberto Gil, Chico Buarque, Anastácia e Djavan.
Ainda criança, Dominguinhos tocava triângulo com seus irmãos no trio “Os três pinguins”. Quando ele tinha 8 anos, foi “descoberto” por Gonzagão ao participar de um show em Garanhuns. A “benção” lhe foi dada pelo rei do baião quanto tinha 16 anos.
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 Dominguinhos durante apresentação em São Luis do Paraitinga em 2011. (Foto: José Patrício/Estadão Conteúdo)
“Gonzaga estava divulgando para a imprensa o disco 'Forró no Escuro' quando ele me apresentou como seu herdeiro artístico aos repórteres”, lembrou-se Dominguinhos em entrevista ao G1 no fim de 2012. “Foi uma surpresa muito grande, não esperava mesmo.”
De acordo com ele, o episódio aconteceu somente três anos depois de sua chegada ao Rio, acompanhado do pai, o também sanfoneiro Chicão. Mudaram-se para a cidade justamente para encontrar Luiz Gonzaga. “Em cinco minutos, ele me deu uma sanfona novinha, sem eu pedir nada”, prosseguiu. Naquele período, Dominguinhos saiu em turnê com o mestre para cumprir a função de segundo sanfoneiro e, eventualmente, de motorista.
Sanfoneiro canta sucessos de músico durante velório em SP (Foto: Tatiana Santiago/G1)

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