Dilma x
Aécio: a maturidade do voto
Dilma vai
enfrentar Aécio Neves no segundo turno. É o tradicional confronto PT x PSDB que
se repete. Isso significa que a “velha” Política ganhou da “nova”?
Não.
Significa que a Democracia brasileira mostrou maturidade. Marina tem uma
biografia respeitável, mas tentou ganhar a eleição tratando o eleitor feito
criança. “Eu sou o novo” (sei…), “vou governar com os “bons” de cada partido”
(só faltava escolher os maus), “quero menos Estado e mais política social”
(mágica?), “no meu governo não haverá toma lá dá cá no Congresso, contaremos
com a pressão das ruas” (seria um governo bolchevique, com o Congresso
cercado pelas massas, enquanto o Gianeti e a Neca acertam o resto com os
bancos?).
A “Nova”
Política era uma miragem. E Junho de 2013? Onde foi parar? Nos 1,5% de Luciana
Genro?
Marina se
desmanchou. Nunca numa eleição presidencial se viu nada parecido. O Brasil
não engoliu a Marina. E Marina foi engolida pela realidade. Em 2014, sai da
eleição menor do que em 2010. Apesar de ter conquistado cerca de dois pontos
percentuais a mais do que na ultima eleição. Mas queimou patrimônio político.
Aécio sai do
primeiro turno com 33% (exatamente o mesmo percentual de Serra em 2010). Dilma
sai com 42% (5 pontos abaixo de 2010; fruto das dificuldades concretas do
governo, da economia que cresce menos do que em 2010). Isso aponta para um
segundo turno mais difícil do que em 2010.
Mas voltemos
a Marina. No fim de agosto, a candidata chegou a aparecer 10 pontos à frente de
Dilma em simulações de segundo turno. Aécio era dado como morto. Mas a política
se impôs. Não a nova, nem a velha. Mas a política.
Dilma partiu
para o combate aberto, fez o contraponto, mostrou as incongruências de Marina.
Desmontou a tese do BC “independente”, do desprezo pelo pré-sal. Não foi uma
“campanha de mentiras”. Foi o confronto político. Marina mostrou a consistência
de um sorvete derretido.
Aécio fez o
mesmo: mostrou o “risco” Marina, e retomou espaço, apesar da derrota
acachapante em Minas do candidato tucano a governador.
Isso tudo
mostra – sim - a maturidade da Democracia brasileira.
E o segundo
turno? Será duríssimo. Virão as denúncias da “Veja”, as matérias de Ali Kamel
no Jornal Nacional. Tudo contra Dilma. Nada de novo.
Mas Dilma é
favorita. Jamais um candidato que venceu o primeiro turno sofreu virada em
eleições presidenciais no segundo turno. Fora isso, Aécio não terá a máquina
tucana nos três colégios eleitorais onde o tucanato é mais forte: Minas
(PSDB sai humilhado), São Paulo e Paraná (onde Alckmin e Richa colheram
vitórias já no primeiro turno, e a máquina partidária tende a funcionar de
forma mais preguiçosa no segundo turno).
O
PT deve vencer – mas com uma margem mais estreita do que nas eleições
passadas. O clima de ódio é maior, as dificuldades na economia são reais.
O que joga a
favor de Dilma? Os programas sociais, o desemprego baixo e a imagem
pessoal de retidão.
Aécio vai
contar com a máquina midiática, e com o ódio militante da classe média. Mas
parece que isso não tem sido suficiente para ganhar eleição no Brasil – desde
2006.
A oposição
precisava de um projeto novo. Alguns setores tentaram inventar o “projeto”
Marina. Fracassou. Agora, volta-se ao velho leito liberal.
Aécio é
FHC. Se a imagem do ex-presidente pode ter ajudado o tucano mineiro a
chegar no segundo turno, agora vai virar uma bola de ferro – que o senador
mineiro terá que arrastar pelas ruas, Brasil afora.
Lula x FHC.
Dois projetos. O Brasil vai decidir de novo o que prefere.
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