filhos
teus não fogem à luta”, diz a faixa. Alguns, porém, fogem da polícia…

A piada fica
irresistível. Apossando-se de parte de um verso do Hino Nacional, o PT
colocou uma faixa na mesa principal instalada no Minascentro, local de eventos
em Belo Horizonte onde se comemoraram os 35 anos do partido, com a inscrição:
“Estes filhos teus não fogem à luta”.
Do jeito que
está a roubalheira do petrolão, feita para, entre outras coisas, rechear os
cofres do partido, conforme vem sendo comprovado pela Operação Lava-Jato da
Polícia Federal, pelas investigações do Ministério Público e sob a supervisão
do juiz federal Sergio Moro, bem que a faixa poderia ser outra, lembrando que
“teus filhos” podem até não fugir da luta. Alguns, porém, fogem da polícia.
O
PT desviou MEIO BILHÃO de reais dos cofres da Petrobras ao longo de dez anos.
(Em VEJA desta semana

Post
publicado originalmente às 14h14 de 7 de fevereiro de 2015
O dinheiro
da roubalheira foi usado, entre outras coisas, para financiar as campanhas
eleitorais do partido de 2010 e 2014
Por Daniel
Pereira e Robson Bonin
Em outubro
passado, os investigadores da Operação Lava-Jato, reunidos no quartel-general
dos trabalhos em Curitiba, olhavam fixamente para uma fotografia pregada na
parede.
A
investigação do maior esquema de corrupção da história do país se aproximava de
um momento decisivo. Delator do petrolão, o ex-diretor Paulo Roberto Costa já
havia admitido que contratos da Petrobras eram superfaturados para enriquecer
servidores corruptos e abastecer o cofre dos principais partidos da base
governista. Na foto afixada na parede, Paulo Roberto aparecia de pé, na
cabeceira de uma mesa de reunião, com um alvo desenhado a caneta sobre sua
cabeça.
Acima dela,
uma anotação: “dead” (morto, em inglês). Àquela altura, a atenção dos
investigadores estava voltada para os outros personagens da imagem. Era
necessário pegá-los para fechar o enredo criminoso.
Em novembro,
exatamente um ano depois de a antiga cúpula do PT condenada no mensalão ter
sido levada à cadeia, o juiz Sergio Moro decretou a prisão de executivos das
maiores empreiteiras brasileiras, muitos dos quais aparecem abraçados a
Paulinho, sorridentes, na fotografia estampada no Q.G. da Lava-Jato. A primeira
etapa da missão estava quase cumprida.
O alvo entre
a roubalheira e o PT
Entre os
alvos listados na foto, apenas um ainda escapava aos investigadores. Justamente
o elo da roubalheira com o partido do governo, o personagem que, sabe-se agora,
comprova com cifras astronômicas como o PT — depois de posar como vestal nos
tempos de oposição — assimilou, aprimorou e elevou a níveis inimagináveis o que
há de mais repugnante na política ao conquistar o poder.
Na
quinta-feira passada, agentes da Polícia Federal chegaram à casa do tesoureiro
do PT, João Vaccari Neto, com uma ordem judicial para levá-lo à delegacia a fim
de prestar esclarecimentos sobre seu envolvimento no petrolão.
Vaccari
recusou-se a abrir o portão. Os agentes pularam o muro para conduzi-lo à sede
da PF em São Paulo. Eles também apreenderam documentos, aparelhos de telefone
celular e arquivos eletrônicos. Esse material não tinha nada de relevante.
Vaccari, concluíram os agentes, já limpara o terreno.
Num
depoimento de cerca de três horas, o tesoureiro negou as acusações e jurou
inocência. Nada que abalasse o ânimo dos investigadores. No Q.G. da Lava-Jato,
um “dead” já podia ser escrito sobre a cara carrancuda do grão-petista.
Um servidor
de terceiro escalão — e ele promete devolver 97 milhões de dólares
A nova fase
da operação foi um desdobramento de depoimentos prestados pelo ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco, em novembro, como parte de um acordo de delação
premiada. Barusco conquistou um lugar de destaque no panteão da corrupção ao
prometer a devolução de 97 milhões de dólares embolsados como propina, uma
quantia espantosa para um servidor de terceiro escalão.
Ao falar às
autoridades, ele disse que o PT arrecadou, entre 2003 e 2013, de 150 milhões a
200 milhões de dólares em dinheiro roubado de noventa contratos da Petrobras.
Segundo
Barusco, o principal operador do PT no esquema nos últimos anos era Vaccari,
chamado por ele de “Mochila”, por andar sempre com uma mochila a tiracolo.
Barusco contou que o tesoureiro — identificado como “Moch” nas planilhas que
registravam o rateio do butim surrupiado — participou pessoalmente das
negociações, por exemplo, para a cobrança de propina de estaleiros contratados
pela Petrobras.
Informações
de empreiteiro devem agravar a situação de Vaccari
Descendo a
detalhes, Barusco narrou ainda uma história que, apesar de envolver um valor
bem mais modesto, tem um potencial político igualmente explosivo.
O ex-gerente
declarou que, em 2010, o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque,
solicitou ao representante da empresa holandesa SBM no Brasil, Júlio Faerman,
300 000 dólares para a campanha petista daquele ano, “provavelmente atendendo a
pedido de João Vaccari Neto, o que foi contabilizado pelo declarante à época
como pagamento destinado ao Partido dos Trabalhadores”.
Em 2010,
Dilma Rousseff disputou e conquistou o primeiro de seus dois mandatos
presidenciais. A situação do tesoureiro do PT deve se agravar nos próximos dias
com o avanço das negociações para o acordo do empreiteiro Ricardo Pessoa,
dono da construtora UTC, para tornar-se um réu colaborador — a chamada delação
premiada.
O “clube do
bilhão”
Pessoa
coordenava “o clube do bilhão”, o grupo das empreiteiras que desfalcava a
Petrobras. Vaccari recorria a ele com frequência para resolver os problemas de
caixa do PT.
Os dois
conversaram várias vezes no ano eleitoral de 2014. Num desses encontros,
segundo integrantes da investigação que já ouviram uma prévia das histórias
pouco edificantes prometidas por Pessoa, Vaccari negociou com a UTC o
recebimento de 30 milhões de reais em doações eleitorais.
Cerca de 10
milhões de reais seriam destinados à campanha à reeleição de Dilma Rousseff. Os
20 milhões restantes, distribuídos por Vaccari ao PT e aos partidos da base
aliada.
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