
A América
Latina corre o risco de perder o controle da crescente epidemia de câncer e
ainda falir seu sistema de saúde devido aos altos custos da doença. De acordo
com uma análise feita pelo Observatório de Oncologia e pela Alianza Latina a
partir de dados apresentados durante o Fórum da Alianza Latina, realizado na
cidade de São Paulo, a região apresenta o maior índice de morte e de
diagnóstico tardio da doença, em comparação com países desenvolvidos.
Estima-se
que a incidência anual de novos casos de câncer na América Latina aumente em
33% (para cerca de 1,68 milhão de novos casos) em 2020 – atualmente, são cerca
de 1,3 milhão de casos. Em 2030, os pesquisadores estimam que o câncer também
causará mais de 1 milhão de mortes.
Isso porque,
mesmo com uma incidência menor de casos da doença, quando comparada aos países
desenvolvidos, na América Latina ainda se morre mais de câncer – são 13 mortes
em cada 22 casos diagnosticados; nos Estados Unidos, o número de mortes é de 13
para cada 37 casos, na Europa, são 13 mortes para 30 casos.
“Essa
diferença está na maneira como se olha a doença. Enquanto nos países
desenvolvidos há melhores programas de prevenção e diagnóstico precoce da
doença, na América Latina os casos são, em sua maioria, ainda diagnosticados
nas fases terminais”, explica Tiago Cepas, pesquisador do Observatório de
Oncologia. Nos EUA, quase 60% dos casos têm diagnóstico no início da doença. No
Brasil, esse número cai para 20%.
Entre as
principais causas de mortes por câncer em homens estão os tumores de pulmão,
próstata, cabeça e pescoço, enquanto em mulheres foram os tumores de mama,
pulmão e colorretal.
Em relação
aos dados encontrados, é possível afirmar que nos últimos cinco anos
(2010-2015): foram registrados 2.352.255 óbitos por câncer na América Latina e
Caribe; as maiores taxas de mortalidade encontram-se em no Uruguai (225 mortes
por 100.000 habitantes) e em Cuba (211 mortes por 100.000 habitantes). Já as
menores taxas de mortalidade foram registradas na Nicarágua (47,5 mortes por
100.000 habitantes) e na Guatemala (48 mortes por 100.000 habitantes).
Geralmente
as maiores taxas de mortalidade são encontradas em países de baixa renda. O
câncer é causado mais frequentemente pelo ambiente em que uma pessoa vive do
que por sua biologia. Por isso, a letalidade ou chance de morrer de câncer
infantil é maior nos países com IDH baixo. Os cânceres infantis são, em sua
maioria, neoplasias do sangue e do sistema linfático (leucemias ou linfomas),
tumores embrionários (por exemplo, retinoblastoma, neuroblastoma,
nefroblastomas), tumores do cérebro, dos ossos e dos tecidos conjuntivos.
As taxas de
mortalidade do câncer de pulmão começam a se estabilizar ou cair entre os
homens em países de média renda das Américas como Argentina e Brasil, por causa
da diminuição do tabagismo. Entre as mulheres a taxa de mortalidade para câncer
de pulmão continuam a aumentar na maioria dos países, refletindo defasagem na
redução do tabagismo.
As taxas de
câncer de colo de útero estão caindo em muitos países devido ao maior
rastreamento, ao passo que as taxas de câncer de mama estão aumentando devido à
maior prevalência de fatores hormonais associados, como gravidez tardia e
desigualdade de gênero, assim como fatores de risco para estilo de vida.
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