Presidente
conversa com peemedebistas; senador garante candidatura de Eunício

BRASÍLIA —
As disputas internas no PMDB do Senado fizeram com que o presidente Michel
Temer deflagrasse nesta segunda-feira uma operação para “apaziguar os ânimos”
dentro da cúpula do partido. Temer conversou com vários interlocutores do
Senado, entre eles o líder do PMDB na Casa, senador Eunício Oliveira (CE), que
é o candidato para suceder Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado.
Também nesta segunda, o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR),
garantiu, em mensagem publicada nas redes sociais, que Eunício é o candidato do
PMDB. No entanto, Jucá confirmou que há disputas pela posição de líder do
partido.
O fim da “era Renan” causou
uma disputa de poder envolvendo a presidência do Senado, a liderança do partido
e outros postos-chave como a Comissão de Constituição e Justiça do Senado
(CCJ). Nos últimos tempos, Eunício, Renan e o líder do governo no Congresso e
presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), vinham divergindo
de como o grupo lidaria com a nova configuração de poder.
O racha se
tornou público, o que fez com que todos conversassem e se entendessem pelo “bem
maior do partido”. Na conversa desta segunda-feira, Temer pediu a Eunício que
ficasse tranquilo, garantindo que ele é o seu candidato. Amanhã, o presidente
embarca para Maceió, base de Renan, para lançamento de investimentos na área de
combate a seca.
Apesar da
garantia de Jucá e Temer, Eunício se mobilizou nos últimos dias e fez contatos
para marcar sua candidatura, tendo que desmentir até que estaria desistindo
devido ao seu nome ter surgido em delações de executivos da Odebrecht. Ele
seria identificado pelo apelido “Índio”.
Na tentativa
de mitigar a disputa pelo Senado, Jucá negou, nas redes sociais, animosidades
entre os peemedebistas e garantiu a candidatura de Eunício. A interlocutores,
Eunício disse que Jucá fora correto e que agora está tudo “pacificado” dentro
do Senado.
Jucá busca o
compromisso de Eunício de que assumiria em 2018, mas o senador não quer se
comprometer agora. Aliados de Eunício dizem que Jucá “já tem poder demais
dentro do partido”, sendo presidente, líder do governo no Congresso e agindo
como ministro paralelo, tendo participado da elaboração das propostas do pacote
econômico lançado na última quinta-feira.
“Não há
nenhuma disputa ou animosidade na bancada .O nosso candidato é o senador
Eunício Oliveira, líder da bancada. Sou hoje o presidente nacional do PMDB e
líder do governo no Congresso”, escreveu Jucá, no Twitter, justamente rebatendo
os argumentos de que já tem cargos demais.
Jucá disse
que não é candidato à sucessão de Renan Calheiros, mas nada falou sobre o
acordo de 2018.
“Gostaria de
esclarecer de uma vez por todas que não sou candidato a presidente do Senado.
Temos um entendimento para a sucessão do Renan”, afirmou Jucá.
Mas, o
presidente do PMDB acabou reconhecendo que há disputas dentro do partido,
inclusive para o cargo de líder. Nos bastidores, Eunício está trabalhando para
que o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) seja o escolhido, mas o senador Eduardo
Braga (PMDB-AM) também quer o posto.
Jucá disse
que “existem postulações legítimas quanto à liderança, que serão debatidas pela
bancada”. Num discurso de paz, ele disse que o “PMDB está unido e consciente da
sua responsabilidade e que cada um exercerá um papel importante cumprindo a sua
tarefa”.
No caso de
Renan, a preocupação é com o seu imenso poder dentro da Casa e como ele o
exercerá a partir de agora. O presidente do Senado quer a presidência da CCJ,
segundo aliados, onde teria o controle da votação de propostas relativas ao
Ministério Público e ao Judiciário, com quem está travando uma batalha desde
que virou investigado na Lava-Jato.
TEMER VAI A
MACEIÓ
Na visita a
Maceió, Temer participará do anúncio de investimentos do governo federal em
ações para redução dos efeitos da seca e em prol do acesso a água. O
investimento contemplará 15 estados e 832 municípios. Junto ao presidente
estarão o filho de Renan Calheiros, o governador Renan Filho, e o ministro do
Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra.
Aos
senadores, Temer disse que está mais preocupado com o racha da base aliada na
Câmara. O candidato de Temer é o atual presidente da Câmara, deputado Rodrigo
Maia (DEM-RJ), mas o centrão reagiu e rachou a base.
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