terça-feira, 25 de novembro de 2014

Defesa diz que Youssef era ‘meramente a engrenagem’ no esquema da Petrobras

Advogados argumentam que a colaboração do doleiro foi fundamental para as investigações da Lava-Jato


BRASÍLIA E CURITIBA – Apontado como chefe de um esquema que teria desviado mais de R$ 89 bilhões da Petrobras desde 2010, o doleiro Alberto Youssef não passaria de "meramente uma engrenagem", segundo um de seus advogados de defesa, Antônio Figueiredo Basto.

— Ele não era um agente político, não tinha poder para indicar ninguém nas estatais. Ele não tinha como comandar um esquema de tamanha envergadura — disse Basto, em Curitiba, depois de acompanhar mais um depoimento de seu cliente no processo de delação premiada.

A operação Lava Jato descobriu um esquema de corrupção que envolvia a cobrança de milhões de reais em propinas de empreiteiras que desejavam fazer negócios com a Petrobras. Parte do dinheiro era direcionado para o financiamento de campanhas políticas do PT, PP e PMDB.

Hoje, Alberto Youssef deu seu último depoimento na sede da Polícia Federal em Curitiba. A defesa do doleiro Alberto Youssef pediu novamente à Justiça Federal no Paraná a suspensão temporária do processo que investiga a empresa Labogen S/A Química, laboratório de propriedade de Yousseff. , alegando que ele não vai causar dano à ordem pública. Youssef já foi beneficiado anteriormente com a delação premiada, no Caso Banestado. Na ocasião, foram desviados mais de 30 bilhões de reais do hoje extinto banco estatal paranaense.

DEFESA REITERA PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO DO LABOGEN
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O mesmo pedido foi feito no último dia 14, sem manifestação do juiz. Os advogados querem a suspensão até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida se vai ou não homologar o acordo de delação premiada firmado entre o doleiro e o Ministério Público. Os advogados argumentam que a colaboração de Youssef foi fundamental para as investigações da Lava-Jato, com a prisão de dezenas de suspeitos e a devolução de milhões de reais aos cofres públicos.

 O pedido foi feito no fim da tarde de segunda-feira e ainda não foi julgado. Nesta terça-feira, em Curitiba, o doleiro presta o último depoimento referente à delação premiada.

“A colaboração de Alberto Youssef vem sendo decisiva para os desdobramentos da Operação Lava-Jato, inclusive para o bloqueio de valores e recuperação de ativos aos cofres públicos. Destarte, diante de tudo quanto restou sobejamente demonstrado, requer seja recebido e processado o vertente petitório, a fim de que seja desmembrado o feito com relação a Alberto Youssef e sobrestado o trâmite da presente ação penal até a definição completa acerca da homologação do acordo de colaboração premiada celebrada pelo ora defendido e o Ministério Público Federal”, sustentou a defesa na petição.

Segundo a Polícia Federal, o Labogen é uma empresa de fachada usada por Youssef para a lavagem de dinheiro. O caso deu origem a um dos primeiros inquéritos judiciais da Lava-Jato. As investigações da Polícia Federal apontaram para o deputado André Vargas, que teria intermediado um contrato do laboratório com o Ministério da Saúde. Existe no Congresso Nacional um processo de cassação do deputado por esse motivo, mas o caso ainda não foi decidido pelos parlamentares.





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