Advogados
argumentam que a colaboração do doleiro foi fundamental para as investigações
da Lava-Jato

BRASÍLIA E
CURITIBA – Apontado como chefe de um esquema que teria desviado mais de R$ 89
bilhões da Petrobras desde 2010, o doleiro Alberto Youssef não passaria de
"meramente uma engrenagem", segundo um de seus advogados de defesa,
Antônio Figueiredo Basto.
— Ele não
era um agente político, não tinha poder para indicar ninguém nas estatais. Ele
não tinha como comandar um esquema de tamanha envergadura — disse Basto, em
Curitiba, depois de acompanhar mais um depoimento de seu cliente no processo de
delação premiada.
A operação
Lava Jato descobriu um esquema de corrupção que envolvia a cobrança de milhões
de reais em propinas de empreiteiras que desejavam fazer negócios com a
Petrobras. Parte do dinheiro era direcionado para o financiamento de campanhas
políticas do PT, PP e PMDB.
Hoje,
Alberto Youssef deu seu último depoimento na sede da Polícia Federal em
Curitiba. A defesa do doleiro Alberto Youssef pediu novamente à Justiça Federal
no Paraná a suspensão temporária do processo que investiga a empresa Labogen
S/A Química, laboratório de propriedade de Yousseff. , alegando que ele não vai
causar dano à ordem pública. Youssef já foi beneficiado anteriormente com a
delação premiada, no Caso Banestado. Na ocasião, foram desviados mais de 30
bilhões de reais do hoje extinto banco estatal paranaense.
DEFESA
REITERA PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO DO LABOGEN
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O mesmo
pedido foi feito no último dia 14, sem manifestação do juiz. Os advogados
querem a suspensão até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida se vai ou
não homologar o acordo de delação premiada firmado entre o doleiro e o
Ministério Público. Os advogados argumentam que a colaboração de Youssef foi
fundamental para as investigações da Lava-Jato, com a prisão de dezenas de
suspeitos e a devolução de milhões de reais aos cofres públicos.
O pedido foi
feito no fim da tarde de segunda-feira e ainda não foi julgado. Nesta
terça-feira, em Curitiba, o doleiro presta o último depoimento referente à
delação premiada.
“A
colaboração de Alberto Youssef vem sendo decisiva para os desdobramentos da
Operação Lava-Jato, inclusive para o bloqueio de valores e recuperação de
ativos aos cofres públicos. Destarte, diante de tudo quanto restou sobejamente
demonstrado, requer seja recebido e processado o vertente petitório, a fim de
que seja desmembrado o feito com relação a Alberto Youssef e sobrestado o
trâmite da presente ação penal até a definição completa acerca da homologação
do acordo de colaboração premiada celebrada pelo ora defendido e o Ministério
Público Federal”, sustentou a defesa na petição.
Segundo a
Polícia Federal, o Labogen é uma empresa de fachada usada por Youssef para a
lavagem de dinheiro. O caso deu origem a um dos primeiros inquéritos judiciais
da Lava-Jato. As investigações da Polícia Federal apontaram para o deputado
André Vargas, que teria intermediado um contrato do laboratório com o
Ministério da Saúde. Existe no Congresso Nacional um processo de cassação do
deputado por esse motivo, mas o caso ainda não foi decidido pelos
parlamentares.
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