Oposicionistas
queriam usar painel eletrônico para tentar alongar a sessão.
Votação abre caminho para análise de projeto que derruba meta fiscal.
Votação abre caminho para análise de projeto que derruba meta fiscal.
Contrariando
a oposição, o presidente do Congresso Nacional, senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), decidiu nesta terça-feira (25) realizar a análise
dos 38 vetos presidenciais pendentes na Casa em cédulas de papel, em vez de
utilizar o painel eletrônico do plenário da Câmara dos Deputados.
A apreciação
dos vetos da Presidência da República é necessária para que os parlamentares
tenham condições de colocar em votação o projeto de lei que autoriza o
Executivo a economizar menos para pagar os juros da dívida pública, o chamado
"superávit primário". A proposta que dá aval para o governo
descumprir a meta fiscal de 2014 é uma prioridade para Palácio do Planalto, mas
tem sido alvo de obstrução dos partidos oposicionistas.
Disposta a
utilizar todos os mecanismos previstos no regimento interno para adiar a
análise do projeto do Executivo, a oposição defendeu nesta terça, em meio à
sessão do Congresso Nacional, que se usasse o painel eletrônico para votar os
vetos. No entanto, a demanda foi negada pelo presidente do Congresso.
Por meio do
painel eletrônico, a sessão acabaria sendo mais demorada porque teriam que ser
realizadas, separadamente, 42 votações. Já a votação por cédula é mais ágil em
plenário porque, enquanto ocorrem os debates, os parlamentares já podem ir
marcando os seus votos.
Porém, após
a votação manual ser concluída, os resultados anotados nas cédulas precisarão ser
processados pelo Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado
Federal (Prodasen), o que inviabiliza a divulgação dos resultados durante a
sessão. Na cédula, os parlamentares devem marcar seu voto (manutenção do veto,
rejeição do veto ou abstenção) a cada um dos 38 itens sob análise dos
congressistas.
Cédulas de
papel
Ao justificar sua decisão, Renan defendeu que fossem utilizadas as cédulas de papel porque, segundo ele, há muitos vetos a serem analisados. Segundo ele, não há qualquer impedimento na Constituição ou no regimento em torno do uso de cédula de papel em votações do Congresso Nacional.
O senador do
PMDB argumento aos oposicionistas que a primeira sessão em que se utilizou
cédula de papel para votar vetos foi em maio de 1992 e, desde então, houve 31
sessões em que se analisou 681 vetos. Em outras quatro sessões em que se usou o
painel eletrônico, apenas sete vetos foram efetivamente apreciados.
“Fica
evidenciado que, não fosse a já consagrada utilização da cédula, o Congresso
teria muito mais vetos pendentes de apreciação”, disse.
Na visão do
líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP),
a decisão de Renan Calheiros vai na contramão do que havia sido definido no
final do ano passado, após a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) do Voto Aberto. Na ocasião, as votações de vetos e de cassação de
mandatos parlamentares deixaram de ser sigilosas.
O tucano
observou que ficou acertado naquela época que os itens seriam votados um a um
no painel eletrônico.
“O que mudou
de lá para cá foi que a presidente da República enviou ao Congresso Nacional um
projeto de lei alterando a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] de 2014 e ela
está desesperada e mobilizando sua base para aprovar [o projeto de lei que
altera a meta fiscal], enfiando goela abaixo do Congresso”, ironizou Aloysio
Nunes.
A primeira
votação de vetos após a promulgação da PEC que pôs fim às votações secretas foi
realizada com o auxílio do painel eletrônico. O líder do DEM na Câmara,
Mendonça Filho (PE), também criticou a decisão de Renan e disse que,
tradicionalmente, o Congresso vinha utilizando a cédula de papel porque a
votação de vetos presidenciais era secreta.
O presidente
do Senado, entretanto, garantiu que todos os parlamentares interessados em
discutir cada um dos vetos terão direito à palavra durante a sessão do
Congresso Nacional.
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