
BRASÍLIA —
Em nova derrota do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Câmara
rejeitou na madrugada desta quarta-feira emenda constitucional que incluía na
Constituição Federal a doação empresarial de campanhas. O texto rejeitado
permitia a doação de empresas e pessoas físicas a partidos e candidatos.
Atualmente, a lei já permite isso, mas como a doação empresarial está sendo
questionada no Supremo Tribunal Federal (STF), objetivo era constitucionalizar
a doação e manter esse tipo de financiamento. Apesar de ter obtido maioria dos
votos, 264 deputados apoiaram a emenda contra 207 contrários, ela não obteve o
quórum exigido de 308 votos a favor.
Ainda há uma
chance de manter o financiamento empresarial para campanhas. O plenário irá
votar outros três tipos de financiamento de campanhas: o que prevê
financiamento misto, com empresas doando apenas aos partidos políticos ou com
doação apenas de pessoas físicas, e o financiamento público exclusivo de
campanhas. A doação de empresas a campanhas eleitorais está sendo questionada
no Supremo em ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O julgamento foi
interrompido, por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, quando seis
ministros já tinham votado a favor do fim da doação de empresas.
— Se você
monopoliza as doações no partido, estará dando um poder tamanho ao dirigente
partidário que poderá inviabilizar candidaturas. O candidato tem que ter o
direito de arrecadar para sua campanha — defendeu Sérgio Souza, antes da
votação.
Encaminharam
a favor do financiamento empresarial de campanhas políticas os seguintes
partidos: PMDB, PP, PTB, PSDB, PSD, PR, DEM e Solidariedade. O deputado Bruno
Araújo (PSDB-PE) lembrou que a questão da doação empresarial está sendo
discutida no Supremo, com tendência a não permitir esse tipo de financiamento.
O tucano criticou o PT por defender o fim da doação de empresas.
— O PT não
tem autoridade moral para falar contra o dinheiro privado em campanhas
eleitorais. Em 2011, ano não eleitoral, arrecadou R$ 54 milhões, contra R$ 2
milhões do PSDB e R$ 2 milhões do PMDB, fora o arrecadado de forma ilícita pela
Petrobras — afirmou o tucano.
Encaminharam
contra o financiamento empresarial os seguintes partidos: PT, PRB, PDT, PC do
B, PPS, PV e PSOL encaminharam contra a doação empresarial. O PSB e o PROS
liberaram suas bancadas.
O presidente
Eduardo Cunha demonstrou desânimo ao deixar o plenário após as duas derrotas.
Ele rechaçou que seja uma derrota pessoal e disse que cumpriu seu papel de
colocar a reforma política em votação.
— A Casa se
manifestou, ela não está querendo mudar nada. Nenhuma proposta de acrescer
texto à Constituição passou e me parece que nenhuma vai passar — disse Cunha,
acrescentando: — Vai cair a máscara daqueles dizem que querem reforma política
e não votam. O Parlamento decidiu que tudo fica como está.
Embora o
PMDB tenha orientado o voto sim ao financiamento empresarial para partidos e
candidatos, 13 dos 61 deputados do partido votaram contra a emenda e um se
absteve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria!