quinta-feira, 18 de abril de 2013

Deputados evangélicos evitam dar apoio público a Feliciano


Apesar de o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) ter o apoio de um terço da bancada evangélica para permanecer à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, só 6 dos 44 deputados da bancada dizem publicamente se sentir representados pelo pastor e endossam suas posições polêmicas.

A Folha procurou todos os integrantes da bancada evangélica listada pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), órgão de interlocução entre Congresso e entidades sindicais. Oito não foram localizados pela reportagem.
Os deputados foram solicitados a responder três perguntas: Marco Feliciano deve renunciar à presidência da comissão? O deputado representa a bancada evangélica? Há preconceito contra ele?
Entre os que responderam, 16 disseram não se sentir representados por Feliciano, nem endossar suas posições. A maioria preferiu se omitir: 22 não responderam. Apenas seis disseram que o colega é a voz da bancada.
Ainda assim, parcela significativa dos ouvidos (19) defendeu a permanência de Feliciano no comando da Comissão. Mas a falta de apoio público dos colegas de bancada também foi expressiva: 38% dos entrevistados não quiseram opinar sobre a questão. Apenas um deputado defendeu o afastamento.
O debate sobre o preconceito contra Feliciano também deixou a bancada dividida. Para 18 integrantes, há uma postura preconceituosa contra o deputado, enquanto 14 dizem que não; 22 não se pronunciaram.
Alvo de protestos desde que assumiu o colegiado, há mais de um mês, Feliciano resiste a pressões da cúpula da Câmara para renunciar. Nas últimas semanas, ganhou apoio de alguns partidos.
Agenda própria – Entre aqueles que preferiram não se posicionar em qualquer uma das questões levantadas, alguns disseram que a permanência de Feliciano é uma decisão de foro pessoal, que ele tem agenda própria, que seu embate na Câmara é “personalista”.
O deputado João Campos, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, explica em parte a questão: “As concordâncias [com Feliciano] estão em conceitos. As divergências, em algumas expressões que terminaram vindo a público e que de fato não há unanimidade entre nós.”
E continua: “Os evangélicos têm diversas dinâmicas e entendimentos. Nós respeitamos essas diferenças, embora não concordemos com alguns posicionamentos e interpretações”.
O líder do PR, Anthony Garotinho, um dos defensores de Feliciano à frente da Comissão, diz que seria um precedente “perigoso” tirá-lo da presidência. “O regimento é claro em dizer que só em caso de renúncia um presidente deixa uma comissão e ele está irredutível”, afirmou.
Único a responder que o pastor deveria renunciar à presidência da comissão, o deputado Laércio Oliveira (PR-SE) disse que teria sido mais “saudável” pedir a substituição dele. “É uma comissão onde questões diversas dos direitos humanos são tratadas e a nossa opinião é a que menos deve prevalecer. A substituição acho que fortalece inclusive a Casa.”
A despeito das divergências, a frente parlamentar divulgou, no mês passado, nota de apoio a Feliciano. Em audiência com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, representantes da ala pressionaram pela permanência do pastor.

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