Debate na
CAS mostra que acidentes com motos é epidemia sem controle
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– Estamos
diante de uma ‘doença epidêmica’ negligenciada pelas autoridades – frisou o
diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Dirceu
Rodrigues Alves Júnior, ao afirmar que a possibilidade de morte em acidente com
moto é 20 vezes maior do que com carro.
Ele cobrou
mais investimentos na prevenção de acidentes de trânsito, responsáveis por 40
mil mortes em 2010, lembrando que o Ministério da Saúde investiu “milhões de
reais” no combate à dengue, doença que matou 592 pessoas naquele ano.
Ricardo
Xavier, presidente da Seguradora Líder – DPVAT, confirmou a predominância de
motociclistas entre as vítimas de acidentes de trânsito. Ele disse que, apesar
de as motos representarem apenas um quarto da frota de veículos do país, 66%
das indenizações do DPVAT são pagas para motociclistas.
Habilitação
A formação
insuficiente de condutores aprovados em exame de habilitação foi apontada como
uma das principais causas de acidentes. Para Valter Ferreira da Silva,
presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Rio Grande do Sul
(Sindimoto-RS), a realização de aulas práticas em circuito fechado não prepara
o futuro motociclista para a realidade das ruas.
Também
Orlando Bindá dos Santos, representante da União Estadual dos Mototaxistas do
Estado do Amazonas, criticou o processo de habilitação de motociclistas,
dizendo serem insuficientes as horas de aulas práticas exigidas.
Além de
apontar as falhas na formação, José Eduardo Gonçalves, diretor da Associação
Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas
e Similares (Abraciclo), citou estudo que mostra o grande número de
motociclistas sem habilitação circulando nas cidades brasileiras. Ele considera
a situação grave, pois o mercado de motos deve continuar crescendo, tendo em
vista o aumento do poder de compra dos brasileiros. Segundo o diretor, 85% dos
atuais compradores de motocicletas pertencem às classes C e D. Desse total, 49%
dizem ter optado pela moto por deficiência no transporte público e 16% tem a
motocicleta como instrumento de trabalho.
As falhas na
formação foram confirmadas por Maria Cristina Andrade Hoffmann, representante
do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) no debate. Ela disse serem
frequentes os casos de condutores que recusam a aula prática por considerarem
que já sabem conduzir moto e ficam conversando com o instrutor para passar o
tempo obrigatório de aula.
– Não existe
uma fiscalização do órgão gestor estadual em relação aos centros de formação. O
centro de formação faz de conta que ensina e o Detran faz de conta que examina
– disse.
Além da
deficiência no processo de habilitação de motociclistas, também foram citadas
no debate, como causas dos acidentes, o excesso de velocidade, a fadiga
resultante de longas jornadas de trabalho, além do consumo de álcool e drogas e
a desatenção ao conduzir a moto.
Preocupação
Para os
senadores que apresentaram requerimento propondo o debate – Ana Amélia (PP-RS),
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Paulo Davim (PV-RN) –, é urgente a atualização
da legislação, para assegurar que os motociclistas estejam efetivamente
habilitados a conduzir os veículos.
agência senado.
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