O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou nesta sexta-feira (16) uma
carta ao chefe do Ministério Público da Indonésia para pedir que o
governo daquele país adie por oito semanas a execução do brasileiro Marco
Archer, condenado à morte por tráfico de drogas.
Segundo
a PGR, o adiamento por oito semanas daria ao Ministério Público do Brasil e ao
da Indonésia um tempo mínimo para tentar uma cooperação entre os dois países
que alivie a situação dos brasileiros e também leve a um acordo mais amplo para
solução de futuros casos semelhantes.
O
fuzilamento de Archer está previsto para ocorrer a partir da meia-noite de
domingo (18) na Indonésia – 15h deste sábado (17) no horário de Brasília.
Na
correspondência ao MP indonésio, há ainda um pedido do procurador-geral para a
substituição da sentença de morte de outro brasileiro, Rodrigo Goularte, cuja
execução ainda não tem data definida. O objetivo é ganhar tempo para uma
negociação que leve à reconsideração da pena de morte.
Mais
cedo, nesta sexta, a presidente Dilma Rousseff fez um apelo por
telefone ao governante da Indonésia, Joko Widodo, para poupar a vida dos dois
brasileiros, mas não foi atendida. Widodo respondeu que não poderia reverter a
sentença de morte imposta a Archer, “pois todos os trâmites jurídicos foram
seguidos conforme a lei indonésia e aos brasileiros foi garantido o devido
processo legal”, segundo nota da Presidência.
Na
carta ao MP da Indonésia, Janot escreveu que concorda que o tráfico de drogas é
um crime “muito grave, que merece a devida punição” e que respeita os esforços
da Indonésia para combatê-lo.
Mas
ele pede que sejam consideradas outras formas de punição, mencionando o
cumprimento da pena em prisão no Brasil, com um acordo "ad hoc"
(destinado somente a esse caso) entre os dois países. O procurador-geral também
disse, segundo a assessoria da PGR, que não pretende desrespeitar a soberania
da Indonésia nem pedir anistia aos brasileiros condenados.
"Apesar de seus atos ilícitos, devemos considerar a situação extrema de ser sentenciado à morte em uma terra estrangeira. Tal circunstância produz uma sensação de solidão e abandono", argumentou Janot na carta.
"Apesar de seus atos ilícitos, devemos considerar a situação extrema de ser sentenciado à morte em uma terra estrangeira. Tal circunstância produz uma sensação de solidão e abandono", argumentou Janot na carta.
Acrescentou
que uma eventual decisão favorável a Archer e Goularte será lembrada pelos
brasileiros como um “ato de humanidade e boa vontade”, que “irá certamente
elevar as perspectivas para cooperação bilateral”.
Se o
pedido for aceito, Janot cogita enviar uma missão oficial brasileira para
discutir a situação dos brasileiros e “mecanismos de cooperação” entre Brasil e
Indonésia.
Umas
das possibilidades é a elaboração de um tratado para transferência de presos,
além de assistência jurídica mútua e fortalecimento dos protocolos de
extradição.
"Isso
certamente nos aproximaria, com o fim reforçar nossa relação de confiança,
amizade e cordialidade", escreveu o procurador-geral.
Segundo
a assessoria de imprensa da PGR, o procurador regional da República Vladimir
Aras, que também é titular da Secretaria de Cooperação Internacional, tentará
marcar uma conversa telefônica entre Janot e o procurador-geral da Indonésia.
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