Os dados são
da OIT que alerta que o desemprego no país vai continuar a se expandir para
atingir um total de 13,8 milhões de brasileiros até o ano que vem
Genebra – O
Brasil terá em 2017 o maior aumento do desemprego entre
as economias do G-20 e adicionará 1,4 milhão de novos trabalhadores sem emprego
à sociedade até 2018.
Os dados são
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que, em um informe
publicado nesta quinta-feira, 12, alerta que o desemprego no País vai continuar
a se expandir para atingir um total de 13,8 milhões de brasileiros até o ano
que vem.
A OIT estima
que, entre 2016 e 2017, o exército de desempregados no planeta aumentará em 3,4
milhões.
Mas o
epicentro dessa crise será o Brasil, responsável por 35% desse número, com 1,2
milhão em 2017 e mais 200 mil em 2018. De cada três novos desempregados no
mundo, um será brasileiro.
Em termos
absolutos, o Brasil terá a terceira maior população de desempregados entre as
maiores economias do mundo, superado apenas pela China e Índia, países com uma
população cinco vezes superior à do Brasil.
Nos EUA, com
uma população 50% superior à brasileira, são 5 milhões de desempregados a menos
que no País.
“As coisas
vão piorar no Brasil antes de voltar a melhorar”, alertou o economista-senior
da OIT, Steve Tobin. Pelos dados da entidade, o número de brasileiros sem empregos passará de
12,4 milhões em 2016 para 13,6 milhões em 2017. Saiba mais: 7 carreiras que pagam bem e
não exigem diploma universitário
Para 2018, o
número total chegará a 13,8 milhões.
Em termos
percentuais, o salto no desemprego no Brasil vai ser o maior entre as economias
do G-20. A taxa irá passar de 11,5% em 2016 para 12,4% em 2017.
Ao final de
2018, apenas a África do Sul terá um índice de desemprego ainda superior ao do
Brasil.
Na avaliação
de Tobin, existem indicações de que a economia brasileira vai começar a se
recuperar em 2018. Mas um impacto no mercado de trabalho não seria imediato, já
que empresas tendem a aguardar antes de voltar a contratar.
“Mesmo que o
PIB melhore, existe uma reação retardada no mercado de trabalho”, explicou. Na
avaliação da entidade, a recessão em 2016 no Brasil foi “mais profunda que
antecipada” e que essa realidade ainda vai se fazer sentir em 2017.
Um dos
temores ainda da OIT é de que a informalidade no mercado de trabalho brasileiro
cresça, assim como a taxa de pessoas em empregos precários.
Impacto
Na OIT, os
economistas não escondem que os números brasileiros tiveram um impacto mundial
e afetaram os cálculos gerais.
Para a
entidade, como consequência, a
América Latina tem hoje o maior desafio do
desemprego no mundo, diante da recessão e suas consequências em 2017.
Além disso,
o continente conta ainda com uma população jovem, pressionando o mercado de
trabalho.
No total, a
região deve terminar 2017 com uma taxa de desemprego de 8,4%, 0,3 pontos a mais
que em 2016.
“Isso será
amplamente gerado pelo aumento do desemprego no Brasil”, disse a OIT, lembrando
que a recessão de 2016 foi a segunda em menos de uma década.
De acordo
com a entidade, com uma contração do PIB brasileiro de 3,3% e 2016, o resultado
foi um impacto em toda a região e nas exportações de países vizinhos.
O cenário
brasileiro acabou levando o PIB regional a sofrer uma queda de 0,4%. Quanto
mais dependente do Brasil, pior foi o resultado para o continente.
Na América
Central, por exemplo, a expansão do PIB foi de 2,4%. Já na América do Sul, a
queda foi de 1,8%.
Uma das
consequências deve ser ainda o grau de vulnerabilidade, mesmo entre aqueles com
trabalho. Entre 2009 e 2014, esses problemas foram alvo de amplas melhorias.
Mas com o
fim do crescimento regional em 2015, a taxa de trabalhadores em condições
precárias aumentou de novo e passou de 90,5 milhões naquele ano para uma
estimativa de 93 milhões ao final deste ano.
No médio
prazo, a OIT vê a região com certo otimismo. A tendência aponta para uma
estabilização dos preços de commodities e
as “incertezas políticas e macroeconômicas começam a diminuir”. Saiba
mais: Por que o Brasil surfou na
onda das commodities?
O resultado
seria uma volta do crescimento do PIB na região já em 2017, de cerca de 1,6%.
Mas, ainda
assim, a pressão sobre o mercado de trabalho vai continuar e o número de
desempregados aumentará. Isso por conta da expansão da população jovem
continuar a um ritmo mais acelerado que a criação de postos de trabalho.
Mundo
Pelo mundo,
a OIT alerta que o desemprego também deve aumentar em 2017, mas apenas de forma
marginal. No total, serão 3,4 milhões de novos desempregados, uma taxa de 5,8%,
contra 5,7% em 2016.
Isso
significa que um total de 201 milhões de pessoas estarão sem trabalho neste
ano, um número que irá aumentar em outros 2,7 milhões em 2018.
Se no início
da década a explosão no desemprego foi gerado pela crise nos países ricos,
agora os números apontam para os emergentes.
Nas
economias desenvolvidas, o número total de desempregados passará de 38,6
milhões de pessoas para 37,9 milhões entre 2016 e 2017. Mas, no mundo em
desenvolvimento, ele subirá de 143,4 milhões para 147 milhões.
Para Guy
Ryder, diretor-geral da OIT, o crescimento da economia mundial continua a ser
“frustrante”, o que deve criar sérios problemas para que mercados gerem postos
de trabalho.
Além do
desemprego, a OIT alerta para o fato de que 42% daqueles com um trabalho ocupam
postos com alta taxa de vulnerabilidade, baixos salários e nenhum direito.
“Nos países
emergentes, quase um em cada dois trabalhadores vive uma situação de
vulnerabilidade”, disse Tobin, economista da OIT.
Sem um
crescimento suficiente da economia mundial, essa população com trabalhos
precários deve aumentar em 11 milhões de pessoas.
O número de
trabalhadores ganhando menos de US$ 3,10 por dia deve também aumentar e mais de
5 milhões em apenas dois anos.
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