Em
depoimento, ex-presidente disse que recebeu ‘tralhas’ quando terminou o mandato
Adaga
está entre os presentes recebidos por Lula e que voltarão ao acervo da
Presidência
SÃO PAULO —
O juiz Sérgio Moro autorizou que a Presidência da República busque 21 itens que
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva guardava em um cofre no Banco do
Brasil e foram erroneamente liberados para seu acervo pessoal. Segundo
relatório produzido pela Secretaria de Administração da Presidência, como os
itens foram recebidos por Lula em trocas de presentes com outros chefes de
estado, deveriam ter sido incorporados ao acervo da Presidência e não ao seu
acervo pessoal. Outros 155 itens poderão
“Agentes
públicos não podem receber presentes de valor e quando recebidos, por ser
circunstancialmente inviável a recusa, devem ser incorporados ao patrimônio
público”, decidiu o juiz.
Entre os
itens que a Presidência pediu que retornassem ao acervo estão esculturas, uma
coroa, três espadas e uma adaga. O próprio ex-presidente Lula classificou, em
seu depoimento à Polícia Federal, que recebeu “tralhas” quando deixou a
Presidência.
— Eu falei
tralhas, que eu nem sei o que é, mas é tralha, é coisa... — disse Lula, que
completou depois: — Tem bens pessoais e tem bens... Como é que trata os bens,
ou seja, são coisas minhas de interesse de domínio público, certo?
O
ex-presidente é acusado, em um dos processos em que é réu na Lava-Jato, sobre
pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte de seu
acervo pessoal.
O relatório
produzido pela Secretaria de Administração baseia-se em um posicionamento do
Tribunal de Contas da União que afirma que presentes oferecidos pelo Presidente
da República a outros chefes de estado ou de governo estrangeiros são
adquiridos com dinheiro dos cofres da União e, portanto, os presentes que
recebe em troca também devem ser revertidos ao patrimônio da União.
“Por outro lado, consignaram que os demais
bens apreendidos, especialmente medalhas, canetas, insígnias, arte sacra, por
terem caráter personalíssimo, devem ser considerados como acervo próprio do
Presidente da República”, afirmou Moro.
Moro
determinou que os 21 bens sejam entregues à Presidência pelo Banco do Brasil,
onde estão guardados.
“Os bens
deverão ser entregues pelo depositário à Secretaria de Administração da
Presidência da República mediante termo”, disse.
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