terça-feira, 18 de junho de 2013

O mal brasileiro

 
A corrupção no Brasil não é apenas um mal, é uma religião. E como somos fiéis. Pratica-se ela todos os dias e em todos os lugares. Não há nada tão arraigado na sociedade como a cultura da vantagem e do desrespeito as instituições. Os brasileiros são tão fanáticos que conseguiram elevar a imagem do Brasil a “país do jeitinho”. O Novo Testamento inovou no sentido de afirmar a necessidade de obras para o homem alcançar a salvação. E como se praticam obras no país, quase todas superfaturadas, a maioria sem obediência ao processo licitatório etc.

Quando John Locke estava com seus vinte anos de idade, costumava andar pelas cidades da França e admirar as suas belezas. Fazendo uma análise da monarquia desse país, o autor de “Carta sobre a Tolerância” chamou o patrimonialismo praticado pelos reis de “o mal francês”. Tais condutas continuam atuais. O pior de tudo é que elas são praticadas sob a égide de um Estado democrático de Direito. É o mal brasileiro.

O cardápio de condutas antiéticas é vasta e todas custam muito caro. Vejamos: massas de desvio de verbas públicas, saladas de troca de favores entre políticos, petiscos de fabricação indevida de editais de licitação para beneficiar os amigos donos de empresas, caldos de abuso de poder nos altos escalões do governo, temperos de propinas nas três esferas federativas, pitadas de nepotismos, doses de peculato. O judiciário – boca da lei - e principal responsável em condenar os culpados por tudo isso engole tudo numa boa. O efeito é uma baita indigestão no corpo da administração pública.

Quem dera toda a dinheirama que escorre pelo ralo da corrupção ser canalizada para resolver os problemas de infraestrutura dos portos, rodovias e aeroportos. A economia brasileira daria um grande avanço. E a educação? Bem, essa espera há anos mudanças significativas, mas pelo jeito vai ficar só esperando mesmo.  A petralhada, com todo esse bacanal com o erário reduz a pó o sonho de um país melhor. Afora isso, os “companheiros” trataram de aparelhar instituições que antigamente gozavam de grande credibilidade, tais como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para as mesmas divulgarem somente aquilo desejado pelo governo.

Se o Estado é fisgado por corruptos de plantão e usado como forma de incremento patrimonial privado, a coisa pública agoniza. Um dos condenados pelo Mensalão, o senhor Marcos Valério, afirmou em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República que o ex-presidente Lulinha foi agraciado com os recursos do escândalo político. Certa feita quando o ministro Joaquim Barbosa foi questionado se o ex-presidente da República deveria ser investigado, ele respondeu afirmativamente.

Por que cargas d’água o “Tartarin de Tarascon” da Administração Pública Nacional não foi investigado? Por que ele não foi indiciado? Alphonse Daudet, escritor francês e autor do célebre personagem citado acima, o qual era conhecido por narrar histórias que nunca existiram, ficaria muito mais inspirado se escrevesse sua obra se embasando nas histórias quiméricas do senhor Lulinha. O “não sei de nada”, “não vi nada” apenas confirma a certeza de impunidade latente nos políticos brasileiros.

Alguns eventos da era petista são bem estranhos e até hoje ficaram trancados nos porões da censura. Quando Celso Daniel foi assassinado, a mídia fez de tudo para maquiar o acontecimento. Foi afirmado tratar-se de uma tragédia, uma fatalidade. O administrador municipal fora sequestrado e tal crime culminou com sua morte. Versões a parte, todo mundo sente que se tratou de uma queima de arquivo, prática corriqueira em Estados Policialescos.

O irmão da vítima, Bruno Daniel, não engoliu a história narrada pela mídia e começou a investigar o caso. Após alguns meses, ele e sua família, depois de serem alvo de várias ameaças de morte foram recebidos na França como refugiados políticos. Em pleno 2012, Marcos Valério assegura que foi ameaçado de morte pelo presidente do instituto Lula, o excelentíssimo Paulo Okamotto. Este nega. Só o tempo responderá quem está com a verdade, esta coisa tão depreciada pelo governo de agora.

Por Alexandre José Trovão Brito

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