Sedentarismo
mata tanto quanto cigarro, divulgam pesquisadores
A
inatividade física é responsável por uma em cada dez mortes por doenças como
problemas cardíacos.
18-07-2012
10:46

O desafio global é claro: tornar a prática de atividades físicas como uma
prioridade em todo o mundo. (Foto Getty Imagens)
Um estudo
divulgado a poucos dias do início das Olimpíadas diz que a falta de exercícios
tem causado tantas mortes quanto o tabagismo. A pesquisa, publicada na revista
médica Lancet, estima que um terço dos adultos não tem praticado atividades
físicas suficientes, o que tem causado 5,3 milhões de mortes por ano em todo o
mundo.
A
inatividade física é responsável por uma em cada dez mortes por doenças como
problemas cardíacos, diabetes e câncer de mama e do cólon, diz oestudo.
Os
pesquisadores dizem que o problema é tão grave que deve ser tratado como uma
pandemia.
Eles afirmam
que a solução para o sedentarismo está em uma mudança generalizada de
mentalidade, e sugerem a criação de campanhas para alertar o público dos riscos
da inatividade, em vez de lembrá-lo somente dos benefícios da prática de
esportes.
Segundo a
equipe de 33 pesquisadores vindos de centros de vários países diferentes, os
governos deveriam desenvolver formas de tornar a atividade física mais
conveniente, acessível e segura.
Relacionadas é Pedro Hallal da Universidade Federal de Pelotas.
"Com as Olimpíadas 2012, esporte e atividade física vão atrair uma
tremenda atenção mundial, mas apesar do mundo assistir a competição de atletas
de elite de muitos países, a maioria dos espectadores será de
sedentários," diz ele. "O desafio global é claro: tornar a prática de
atividades físicas como uma prioridade em todo o mundo para aumentar o nível de
saúde e reduzir o risco de doenças".
No entanto,
a comparação com o cigarro é contestada por alguns especialistas. Se o
tabagismo e a inatividade matam o mesmo número de pessoas, o número de fumantes
é bem menor do que o de sedentários, tornando o tabaco muito mais perigoso.
Para Claire
Knight, do Instituto de Pesquisa de Câncer da Grã-Bretanha, "quando se
trata de prevenção de câncer, parar de fumar é de longe a coisa mais importante
que você pode fazer".
América
Latina
Na América
Latina e no Caribe, o estudo mostra que o estilo de vida sedentário é
responsável por 11,4% de todas as mortes por doenças como problemas cardíacos,
diabetes e câncer de mama e do cólon. No Brasil, esse número sobe para 13,2%.
Os países com as populações mais sedentárias da região são Argentina, Brasil e
República Dominicana. O com a população menos sedentária é a Guatemala.
A
inatividade física na América Latina seria a causa de 7,1% dos casos de doenças
cardíacas, 8,7% dos casos de diabetes tipo 2, 12,5% dos casos de câncer de mama
e 12,6% dos casos de câncer de cólon. No Brasil, ela é a causa de 8,2% dos
casos de doenças cardíacas, 10,1% dos casos de diabetes tipo 2, 13,4% dos casos
de câncer de mama e 14,6% dos casos de câncer de cólon.
A doutora
I-Min Lee, do Hospital Brigham e da Escola Médica da Universidade de Harvard,
que dirigiu o estudo, assinalou que todos esses casos poderiam ter sido
prevenidos se a população de cada país e cada região fosse mais fisicamente
ativa.
Ela diz que
na região das Américas poderiam ser evitadas cerca de 60 mil mortes por doenças
coronárias e 14 mil mortes por câncer de cólon.
Desafio global
É
recomendado que adultos façam 150 minutos de exercícios moderados, como
caminhadas, ciclismo e jardinagem, toda a semana.
O estudo
indica que as pessoas que vivem em países com alta renda per capita são as
menos ativas. Entre os piores casos está a Grã-Bretanha, onde dois terços da
população não se exercitam regularmente.
A presidente
da Faculty of Public Health, órgão que formula políticas e normas de saúde
pública da Grã-Bretanha, professora Lindsey Davies, diz que "precisamos
fazer o possível para que as pessoas cuidem da sua saúde e façam atividade
física como parte da vida cotidiana".
"O
ambiente em que vivemos tem um papel importante. Por exemplo, pessoas que se
sintam inseguras no parque mais próximo vão evitar de usá-lo."
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