Um terço das
crianças de Gaza precisa de ajuda psicológica urgente; no Sul de Israel, 40%
têm risco de trauma

TEL AVIV —
Elas são o elo mais fraco da corrente quando adultos decidem entrar em
conflito. As crianças são, em geral, as que mais sofrem em meio aos horrores da
guerra. Não seria diferente no caso do conflito entre Israel e o grupo islâmico
Hamas. Segundo cálculos da agência das Nações Unidas para crianças, Unicef, 408
menores de 18 anos morreram durante os confrontos. Mais de 70% dos 251 meninos
e 157 meninas tinham menos de 12 anos. Outras centenas de milhares ficaram
traumatizadas. A Unicef estima que 370 mil menores vão precisar de ajuda
psicológica urgente – algo em torno de um terço das crianças de Gaza.
Muitas
crianças demonstram o trauma se recusando a falar. Mas os principais sintomas
são pesadelos, distanciamento, ansiedade, depressão e nervosismo. Algumas
voltam a molhar os lençóis mesmo com 7 ou 8 anos de idade. Outras desenvolvem
distúrbios alimentares ou se tornam extremamente agressivas quando minimamente
contrariadas. Elas também demonstram dificuldades em se concentrar ou estudar.
— A ofensiva
israelense impactou de maneira catastrófica e trágica as crianças. Muitos viram
amigos e parentes morrer — diz Pernille Ironside, chefe do escritório da Unicef
em Gaza. — Mas temos que ter em conta que um menino ou uma menina de sete anos
já passou por três guerras, a de 2008-2009, a de 2012 e a de agora.
Perinelle
afirma que, por causa do tamanho diminuto de Gaza, não há uma só família que
não haja sido afetada diretamente por alguma perda. Segundo os militares
israelenses, mais de 4 mil alvos foram atacados em Gaza durante o conflito. Os
sons de aviões e drones nos céus elevaram a ansiedade das crianças.
— Ninguém
deve se surpreender se algumas crianças palestinas quiserem levar uma vida mais
extrema — afirmou Isonside, aludindo ao fato de que muitos jovens palestinos se
voluntariam para fazer parte de grupos armados.
Em
solidariedade com as crianças mortas em Gaza, os principais jornais britânicos
publicaram ontem os nomes e as idades de 373 crianças que morreram na
intervenção israelense, em uma página inteira com o título “Em memória das 373
crianças mortas em Gaza”, comprada pela ONG Save The Children.
Do lado
israelense da fronteira, o impacto da guerra nas crianças também é enorme.
Militantes palestinos lançaram 3.300 mísseis, foguetes e morteiros contra
Israel entre 8 de julho e 5 de agosto. Segundo pesquisa do Centro de Pesquisas
Psicológicas do Faculdade de Administração, 33% dos moradores do Sul de Israel
ainda não conseguem dormir de noite e 40% podem desenvolver estresse
pós-traumático por causa das sirenes e das explosões. Os números refletem
também as crianças, apesar de que, segundo uma pesquisa anterior, do Centro de
Vítimas do Terror Natal, o percentual de crianças de 4 a 18 anos traumatizadas
nas cidades mais afetadas, como Sderot, é muito maior: 75%.
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