terça-feira, 29 de abril de 2014

Caseiro confessa participação na morte de Malhães, diz polícia

O caseiro Rogério Pires é conduzido a exame de corpo delito logo depois de ter sua prisão decretada .


O caseiro Rogério Pires é conduzido a exame de corpo delito logo depois de ter sua prisão decretada
Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo

RIO - O delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Pedro Medina, confirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira a participação do caseiro Rogério Pires na morte do tenente-coronel reformado Paulo Malhães, de 77 anos. 
Segundo ele, Rogério, de 28 anos, confessou ter passado informações sobre a rotina do militar para facilitar a ação dos bandidos, dois deles irmãos do próprio caseiro, identificados como Rodrigo e Anderson Pires. Ambos estão foragidos.

O outro bandido, que no momento do assalto estava com o capuz, ainda não foi identificado. Um dos irmãos de Rogério tem passagem por estupro, mas a polícia não informou qual deles. O crime estava sendo planejado há um mês.

O caseiro foi preso nesta terça-feira, após confessar em depoimento participação no crime. Os policiais cumpriram mandado de prisão temporária, expedido pelo plantão judiciário, pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte).

Rogério estava no sítio no momento no momento em que o militar e a mulher dele, Cristina, foram rendidos por bandios. Malhães foi encontrado morto na última sexta-feira, depois da ação dos bandidos no sítio onde ele morava, na zona rural de Nova Iguaçu.

Medina disse que o objetivo do grupo era roubar joias, dinheiro e as armas de Malhães para vendê-las. Por conta disso, o delegado já pediu ao Exército que identifique todas as armas roubadas. Ele não soube informar quantas foram levadas e nem o valor delas.

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Delegado mostra retratos falados dos irmãos do caseiro. Eles são suspeitos de participar da morte do coronel Malhães.

O delegado afirmou, no entanto, que a intenção não era matar o tenente-coronel. Por isso, Medina aguarda o laudo com a causa da morte, para saber se ela foi mesmo provocada por um infarto, por conta da ação dos bandidos, como sugere a Guia de Sepultamento, obtida com exclusividade pelo GLOBO no sábado.

- Quando ele (o caseiro) soube da morte, ele ficou surpreso e arrependido - afirmou o delegado.

Caseiro voltou a trabalhar no sítio há um mês e meio
O caseiro trabalhou durante sete anos com Malhães e, em dezembro do ano passado, foi demitido amigavelmente porque ia para outro emprego.

 Há um mês e meio, ele voltou a trabalhar com o militar. O delegado disse ainda que os bandidos sabiam que ele era um militar do Exército, mas não sabiam o papel de Malhães durante a ditadura. Da casa do militar, foram levados dois computadores, R$ 700 reais, joias e armas. A polícia guarda o laudo cadavérico até a próxima sexta para saber a causa da morte.

O delegado continua trabalhando principalmente com a hipótese com latrocínio, mas ressaltou que as investigações continuam. Ele ainda não descarta as hipóteses de vingança e queima de arquivo, já que Malhães confessou em 2012 ao GLOBO e neste ano à Comissão Estadual da Verdade no Rio (CEV-Rio) que torturou e matou presos políticos durante a ditadura. Peritos da Comissão Nacional da Verdade (CNV) estão na delegacia.
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Bandidos alteraram a cena do crime;

Medina informou que a cena do crime foi alterada para tentar confundir as investigações. Ele não deu detalhes e adiantou apenas que, no depoimento, o caseiro tentou confundir o posicionamento das vítimas no momento da ação dos bandidos.
- A casa tem muitos cômodos.

 Uma hora no depoimento ele dizia que ele e a viúva estavam no quarto, no outro momento dizia que estava em outro quatro - afirmou o delegado, ressaltando que o caseiro já sabia que o crime seria praticado.

Polícia divulga retratos falados dos irmãos do caseiro
Todos os identificados de participação no crime devem responder por latrocínio. 

Foram divulgados os retratos falados dos irmãos de Rogério. A polícia continua fazendo diligências, inclusive, um grupo de agentes deixou a DHBF às 12h10m rumo ao sítio.

Participaram da entrevista coletiva Medina, o delegado adjunto William Pena Júnior e o delegado Marcus Maia.
O caseiro está na DHBF. Rogério e a viúva participaram ontem da operação do Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ) no sítio do Paulo Malhães. Foram recolhidos computadores e documentos.

A viúva esteve na manhã desta terça-feira na delegacia, mas deixou o local com policiais, sem falar com a imprensa.

'Moro aqui perto. Quem não tem medo?', disse caseiro ao GLOBO
O caseiro mora em Marapicu, mesmo bairro onde fica o sítio de Malhães e uma região dominada pelo tráfico de drogas.

 Ele é casado com a dona de casa Marcilene Pereira dos Santos, e tem dois filhos, de dois e três anos.

Ontem, depois da diligência no sítio de Malhães, o caseiro disse que temia pela segurança da família:
- Moro aqui perto. Quem não tem medo? Eu tenho dois filhos - declarou ao GLOBO.

  

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