O caseiro
Rogério Pires é conduzido a exame de corpo delito logo depois de ter sua prisão
decretada .

RIO - O
delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Pedro
Medina, confirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira a
participação do caseiro Rogério Pires na morte do tenente-coronel reformado
Paulo Malhães, de 77 anos.
Segundo ele, Rogério, de 28 anos, confessou ter
passado informações sobre a rotina do militar para facilitar a ação dos
bandidos, dois deles irmãos do próprio caseiro, identificados como Rodrigo e
Anderson Pires. Ambos estão foragidos.
O outro
bandido, que no momento do assalto estava com o capuz, ainda não foi
identificado. Um dos irmãos de Rogério tem passagem por estupro, mas a polícia
não informou qual deles. O crime estava sendo planejado há um mês.
O caseiro
foi preso nesta terça-feira, após confessar em depoimento participação no
crime. Os policiais cumpriram mandado de prisão temporária, expedido pelo
plantão judiciário, pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte).
Rogério
estava no sítio no momento no momento em que o militar e a mulher dele,
Cristina, foram rendidos por bandios. Malhães
foi encontrado morto na última sexta-feira, depois da ação dos bandidos no
sítio onde ele morava, na zona rural de Nova Iguaçu.
Medina disse
que o objetivo do grupo era roubar joias, dinheiro e as armas de Malhães para
vendê-las. Por conta disso, o delegado já pediu ao Exército que identifique todas
as armas roubadas. Ele não soube informar quantas foram levadas e nem o valor
delas.

Delegado
mostra retratos falados dos irmãos do caseiro. Eles são suspeitos de participar
da morte do coronel Malhães.
O delegado
afirmou, no entanto, que a intenção não era matar o tenente-coronel. Por isso,
Medina aguarda o laudo com a causa da morte, para saber se ela foi mesmo provocada
por um infarto, por conta da ação dos bandidos, como
sugere a Guia de Sepultamento, obtida com exclusividade pelo GLOBO no sábado.
- Quando ele
(o caseiro) soube da morte, ele ficou surpreso e arrependido - afirmou o
delegado.
Caseiro
voltou a trabalhar no sítio há um mês e meio
O caseiro
trabalhou durante sete anos com Malhães e, em dezembro do ano passado, foi
demitido amigavelmente porque ia para outro emprego.
Há um mês e meio, ele
voltou a trabalhar com o militar. O delegado disse ainda que os bandidos sabiam
que ele era um militar do Exército, mas não sabiam o papel de Malhães durante a
ditadura. Da casa do militar, foram levados dois computadores, R$ 700 reais,
joias e armas. A polícia guarda o laudo cadavérico até a próxima sexta para
saber a causa da morte.
O delegado
continua trabalhando principalmente com a hipótese com latrocínio, mas
ressaltou que as investigações continuam. Ele ainda não descarta as hipóteses
de vingança e queima de arquivo, já que Malhães confessou em 2012 ao GLOBO e
neste ano à Comissão Estadual da Verdade no Rio (CEV-Rio) que torturou e matou
presos políticos durante a ditadura. Peritos da Comissão Nacional da Verdade
(CNV) estão na delegacia.
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Bandidos
alteraram a cena do crime;
Medina
informou que a cena do crime foi alterada para tentar confundir as
investigações. Ele não deu detalhes e adiantou apenas que, no depoimento, o
caseiro tentou confundir o posicionamento das vítimas no momento da ação dos
bandidos.
- A casa tem
muitos cômodos.
Uma hora no depoimento ele dizia que ele e a viúva estavam no quarto,
no outro momento dizia que estava em outro quatro - afirmou o delegado,
ressaltando que o caseiro já sabia que o crime seria praticado.
Polícia
divulga retratos falados dos irmãos do caseiro
Todos os
identificados de participação no crime devem responder por latrocínio.
Foram
divulgados os retratos falados dos irmãos de Rogério. A polícia continua
fazendo diligências, inclusive, um grupo de agentes deixou a DHBF às 12h10m
rumo ao sítio.
Participaram
da entrevista coletiva Medina, o delegado adjunto William Pena Júnior e o
delegado Marcus Maia.
O caseiro
está na DHBF. Rogério e a viúva participaram ontem da operação do Ministério
Público Federal do Rio (MPF-RJ) no sítio do Paulo Malhães. Foram recolhidos
computadores e documentos.
A viúva
esteve na manhã desta terça-feira na delegacia, mas deixou o local com
policiais, sem falar com a imprensa.
'Moro aqui
perto. Quem não tem medo?', disse caseiro ao GLOBO
O caseiro
mora em Marapicu, mesmo bairro onde fica o sítio de Malhães e uma região
dominada pelo tráfico de drogas.
Ele é casado com a dona de casa Marcilene
Pereira dos Santos, e tem dois filhos, de dois e três anos.
Ontem,
depois da diligência no sítio de Malhães, o caseiro disse que temia pela
segurança da família:
- Moro aqui
perto. Quem não tem medo? Eu tenho dois filhos - declarou ao GLOBO.
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