
BRASÍLIA – O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do processo do mensalão,
ministro Joaquim Barbosa, determinou nesta quarta-feira que o ex-deputado José
Genoino (PT-SP) volte para a Penitenciária da Papuda, em Brasília, conforme antecipou
o colunista Ancelmo Gois. Foi dado prazo de 24 horas para ele se apresentar
ao Centro de Internamento e Reeducação (CIR), a mesma ala da Papuda onde está
preso o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, também condenado no processo do
mensalão.
Genoino
pegou quatro anos e oito meses de prisão por corrupção ativa e ficará em regime
semiaberto, no qual o detento pode obter autorização judicial para trabalhar
durante o dia e voltar para a cadeia à noite. Em novembro, o petista foi preso
na Papuda, mas passou mal dias depois e obteve autorização para cumprir pena em
uma casa na capital federal. Com base em exames médicos que atestam o bom
estado de saúde do condenado, Barbosa mandou Genoino de volta para a cadeia.
“Determino o
imediato retorno do apenado ao sistema prisional do Distrito Federal, onde
deverá cumprir sua pena”, escreveu o ministro na decisão. O petista foi
condenado a quatro anos e oito meses por corrupção ativa e deverá ser levado ao
mesmo local onde está o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, também condenado
no processo do mensalão.
Na
segunda-feira, chegou ao STF laudo elaborado por médicos da Universidade de
Brasília (UnB) informando que a saúde do ex-parlamentar é estável e “não
grave”, não justificando tratamento diferenciado ao condenado. Genoino sofre de
problemas cardíacos e foi submetido a uma cirurgia em julho de 2013. De acordo
com os médicos, os medicamentos que ele toma diariamente estão fazendo efeito,
proporcionando um quadro saudável ao paciente.
“A defesa do
apenado não demonstrou a presença dos requisitos necessários à modificação do
seu regime prisional. Mais: todas as conclusões da junta médica oficial são
desfavoráveis à pretensão da defesa. Com efeito, o resultado da perícia
oficial, formada por renomados cardiologistas da cidade, indica, claramente, a
ausência de doença grave que constitua impedimento para o cumprimento da pena
no regime semiaberto”, escreveu o ministro.
Barbosa
acrescentou que “sugestões e opiniões dos médicos particulares, contratados
pelo apenado, têm reduzida força persuasiva e/ou valor jurídico quando
cotejadas com as conclusões a que chegou a junta médica oficial”.
O ministro
citou informações recebidas da Vara de Execuções Penais (VEP) de Brasília e de
São Paulo segundo as quais ambos os sistemas prisionais proporcionam
assistência médica frequente aos internos. E que, entre os presos, vários
outros têm problemas de saúde e doenças crônicas. “O quadro clínico do
condenado José Genoino não apresenta qualquer singularidade comparado ao de
centenas de outros detentos que atualmente cumprem pena privativa da liberdade
no Distrito Federal”, anotou Barbosa.
A primeira
avaliação clínica do condenado foi feita em novembro do ano passado pela mesma
equipe médica, que concluiu pela condição boa de saúde do paciente. A nova
avaliação ocorreu no último dia 12, a pedido de Barbosa. Segundo o laudo, no
dia o exame Genoino estava “em ótimo estado geral”, sem apresentar qualquer
queixa clínica, exceto pela ansiedade. A pressão arterial estava normal,
registrada em 13 por oito. Os médicos ressaltaram que o paciente fazia uso
regular de seis medicamentos para normalizar a condição cardíaca e para
combater a ansiedade e a depressão.
“Os dois
laudos fornecidos pela junta médica oficial afirmam taxativamente que o quadro
clínico do condenado não apresenta a gravidade alegada pela sua defesa,
tampouco se caracteriza como obstáculo intransponível ao cumprimento da pena
que lhe foi aplicada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em
estabelecimento carcerário adequado ao regime de pena que lhe foi imposto”,
observou o presidente da Corte.
Os médicos
recomendaram que, para manter a boa condição de saúde, Genoino precisa ser submetido
a exames de uma a duas vezes por ano, comer pouco sal e praticar atividade
física. No início do mês, uma junta médica criada na Câmara dos Deputados negou
o pedido de aposentadoria integral do ex-parlamentar. O laudo informava que
Genoino não apresenta cardiopatia grave para justificar a aposentadoria por
invalidez. Barbosa também levou isso em conta antes de tomar a decisão.
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