Ao comentar
decisão do Supremo Tribunal Federal que o absolve das últimas acusações a ele
imputadas, o senador Fernando Collor (PTB-AL) - afastado da Presidência da
República em 1992 - disse que experimentou um grande sofrimento ao
"reviver em toda a sua extensão a tortura, a angústia e o sofrimento de
quem é agredido meses a fio" e que, além disso, "teve de suportar as
agruras de acusações infundadas e a condenação antes mesmo de qualquer
julgamento".
Segundo o
senador, a decisão do Supremo Tribunal Federal, tomada por unanimidade na
quinta-feira (24), não só alivia as angústias que ele sofria há 23 anos, como
também permite reescrever a história do país, no período em que ele passou na
Presidência e em que implantou, como observou, "medidas macroeconômicos e
estruturantes" da administração federal, como a abertura comercial e a
quebra de monopólios. Sem essas medidas, disse ele, seria impossível a
estabilização alcançada pelo país.
- Estou
absolvido de todas, absolutamente todas as acusações. Estou inocentado de todas
as delações. A ninguém é mais dado o direito, salvo por reiterada má fé, de
dizer o contrário. Todavia, depois, de mais de duas décadas de expectativas e
inquietações pelas injustiças a mim cometidas, cabe agora perguntar: quem
poderá me devolver tudo aquilo que perdi, a começar pelo meu mandato
presidencial? - questionou Collor.
Para o
senador, o julgamento possui, em especial, "o mérito e a virtude de passar
a limpo o país", no que se refere ao período que ele passou à frente da
Presidência da República. Em sua opinião, este foi um dos períodos mais
importantes da história da República, uma vez que "consolidou o processo
de redemocratização política por meio da primeira eleição direta para
presidente da República, após 25 anos de governo sob um estado de
exceção".
A decisão do Supremo, a seu ver, permitirá mais do que o resgate da justiça e da imagem de um homem público. Propiciará, também, a "reflexão da sociedade em geral sobre a verdade dos fatos e, em particular, de uma geração de jovens, que tão somente ouviram inverdades ou estudaram em livros tendenciosos por versões falseadas".
Além da
decisão unânime do Supremo de absolver o ex-presidente de todas as acusações
ainda pendentes, o tribunal resolveu, por cinco votos a três, absolvê-lo,
também no mérito, de outros dois crimes, mesmo em detrimento de sua prescrição.
- Ou seja,
mesmo nesse caso, a maioria julgou pela absolvição completa ou, em outras
palavras, não houve, nos 16 votos proferidos nas duas votações quanto às
preliminares e quanto ao mérito, nenhum voto pela minha condenação em relação
aos três crimes de que me acusava o Ministério Público. E não poderia ser
diferente - afirmou Collor.
Ao final de
seu pronunciamento, o senador lembrou o dramaturgo alemão Bertold Brecht, para
quem "a verdade avança e nada a deterá".
- É o caso
exemplar do ditado vincit omnia veritas, ou seja, a verdade tudo vence.
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