Premier quer
declarar estado de emergência e diz que forças de segurança estão em alerta
máximo

BAGDÁ —
Insurgentes radicais sunistas conquistaram na manhã desta terça-feira o
controle de grande parte de Mossul, a terceira maior cidade do Iraque,
invadindo uma base militar e libertando centenas de prisioneiros em um grande
ataque contra o governo iraquiano liderado pelos xiitas. A violência provocou
uma fuga em massa de moradores e ocorre no mesmo dia em que 20 pessoas morreram
e 28 ficaram feridas em um atentado durante o funeral de um professor em
Baquba, capital da província de Djilah, informaram fontes médicas e de
segurança.
A captura de
Mossul pelo grupo Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis) — um ramo da
al-Qaeda — e seus aliados acontece após quatro dias de intenso conflito na
cidade e em outros municípios no Norte do Iraque. Trata-se de um duro golpe aos
esforços de Bagdá para combater os militantes sunitas que recuperaram força no
país no último ano e se voltaram para Mossul na última sexta.
Durante o
ataque à sede do governo provincial na noite de segunda-feira, o governador da
região Azil al-Nuyefi ficou preso no edifício, mas conseguiu escapar com ajuda
das forças de segurança, que enfrentaram os rebeldes. Em um pronunciamento na
TV feito a partir de um local desconhecido, ele pediu à população que fizesse
frente ao avanço dos insurgentes.
— Peço aos
homens de Mossul que permaneçam firmes em suas áreas e que as defendam dos que
vêm de fora e que criem comitês populares por meio do conselho provincial —
disse al-Nuyefi.
Logo depois
da invasão, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, pediu ao Parlamento
que declarasse estado de emergência e afirmou que as forças de segurança
estavam em alerta máximo. Há relatos de que insurgentes teriam tomado controle
de toda a província de Nínive, da qual Mossul é a capital, e estariam avançando
para a vizinha Salahedin. Seria a primeira vez que os rebeldes tomaram o
controle de uma província inteira no país.

As áreas em
conflito no Iraque - Editoria de Arte
Estima-se
que cerca de 150 mil pessoas deixaram as suas casas, e as autoridades montaram
acampamentos para refugiados em três cidades próximas. Diante do caos, o
presidente do Parlamento Osama al- Nujaifi afirmou que “é necessário mobilizar
todas as forças do Iraque e alertar os dirigentes do mundo para enfrentar a
ofensiva terrorista”.
— Se esta
ofensiva não for contida na fronteira de Nínive, será ampliada a todo Iraque —
advertiu.
Muitas
famílias estavam fugindo para a região autônoma curda, que faz fronteira com a
província de Nínive.
— Mossul
agora é o inferno. Está em chamas — disse Amina Ibrahim, que estava deixando a
cidade com seus filhos pequenos. — Eu perdi meu marido em uma explosão de bomba
no ano passado, eu não quero que os meus filhos o sigam.
REBELDES
OCUPAM POSTOS DE SEGURANÇA
Dois
oficiais do Exército iraquiano informaram que as forças de segurança receberam
ordens de deixar a cidade após os militantes capturarem a base de Ghizlani, ao
sul de Mossul, e libertarem mais de 200 prisioneiros do presídio de segurança
máxima.
Os
insurgentes, de posse de armas antiaéreas e granadas lançadas por foguetes,
assumiram o controle de quase todos os postos da polícia e do Exército dentro e
ao redor de Mossul, afirmaram fontes às agências internacionais. O Exército e
as forças policiais atearam fogo em depósitos de combustível e munições para
impedir os militantes de usá-los, segundo as autoridades iraquianas.
— Perdemos
Mossul esta manhã. Forças do Exército e da polícia deixaram suas posições e o
terroristas do Isis estão em total controle — disse um coronel do Exército no
comando militar local. — É um colapso total para as forças de segurança.
O governo
iraquiano luta contra uma onda de violência sectária que matou quase 800
pessoas, incluindo 603 civis, só em maio, segundo dados das Nações Unidas. No
ano passado, mais de 8.860 pessoas morreram. Partes de Ramadi, capital da
província de Anbar, e grande parte da cidade vizinha de Falluja têm estado sob
o controle do Isis e seus aliados desde o fim de dezembro passado.
Do outro
lado da fronteira na Síria, combatentes do Exército Islâmico do Iraque e do
Levante, envolvidos em três anos de guerra civil entre o presidente Bashar
al-Assad e rebeldes, tomaram o controle nesta terça-feira de faixas do
território oriental, perto da fronteira iraquiana.
Militantes
do grupo no Iraque aderiram ao conflito sírio com outros combatentes
estrangeiros. O grupo jihadista busca estabelecer um Estado islâmico ligando
territórios que controla no Oeste do Iraque e Leste da Síria.
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