
Não bastasse
terem que dar uma comissão dos programas sexuais para a casa, tinham que se
submeter a cargas horárias determinadas pelos proprietários. Precisavam estar à
disposição em horários os mais diferenciados, de acordo com a disponibilidade
dos clientes, entre os quais empresários e políticos. Essa é apenas uma das
nuances envolvendo a exploração sexual de mulheres em oito casas de
prostituição de Fortaleza, conforme investigações do Ministério Público.
Garotas de
programa ouvidas na investigação admitiram exercer a atividade em todos os
prostíbulos investigados. Embora os donos e gerentes de estabelecimentos
presos, ouvidos desde segunda-feira, neguem tal atividade alegando em seus
depoimentos à Polícia que ali funcionariam apenas bares e 'potenciais
encontros'.
Carga de até
12 horas diárias de trabalho causava desistência e migração para outros
prostíbulos, que oferecessem melhores condições de trabalho. "Encontramos
a resistência de algumas em admitir que dividiam o dinheiro porque não querem
os proprietários presos e o próprio trabalho prejudicado, mas a maioria falou
abertamente, inclusive, que precisavam pagar mesmo se o programa sexual fosse
realizado fora, mas que tenha partido do intermédio da casa", explicou o
promotor Marcos Willian Leite de Oliveira, coordenador do Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O pagamento médio mensal de
cada prostituta aos estabelecimentos era de R$ 300, segundo a investigação.
Depoimentos
Hoje serão
colhidos os últimos dois depoimentos dentre os nove presos por suspeita de
envolvimento em exploração sexual em oito prostíbulos da Capital. Serão ouvidas
Francisca Herbênia Silveira Rodrigues, proprietária de um prostíbulo situado no
Centro da Capital, e Vilaneuma Dantas de Moura, de estabelecimento no bairro
Aldeota.
No dia 4 de
junho foi deflagrada uma operação que gerou nove prisões, além de apreensões em
oito estabelecimentos de prostituição em Fortaleza. A ação foi executada pelo
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da
Polícia Civil e Coordenadoria de Inteligência (Coin). Entre os detidos está
Eline Marques, ex-coordenadora do Escritório de Combate ao Tráfico de Seres
Humanos (ETSH).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria!