Ana e
Antonio moram em Ponta Grossa e comemoram Bodas de Vinho.
Com 88 e 95 anos, eles se lembram
Com 88 e 95 anos, eles se lembram

“O segredo é, além de amor, paciência. Muita
paciência um com o outro", diz Ana .
“O primeiro
beijo foi só no dia do casamento, na igreja”, garante Ana Ribeiro Gonçalves, de
88 anos, casada com Antonio Gonçalves, de 95. Nesta terça-feira (8), o casal
comemora 70 anos de casados em Ponta
Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná. Mas não são apenas as
Bodas de Vinho que eles celebram. Tem jogo do Brasil contra a Alemanha, e os
dois, que adoram futebol, também festejam 17 Copas do Mundo juntos.
Para o jogo
desta terça-feira, Ana - que já ganhou R$ 120,55 sozinha no bolão que a família
fez da 1ª fase do Mundial - aposta em um empate de 1 a 1 com direito aos
pênaltis. Já ele, confiante na Seleção Brasileira, acredita em uma vitória de 3
a 1. “Eu estou acreditando muito no Brasil porque o talento dos nossos
jogadores é enorme. Mesmo agora, sem o Neymar”, diz ele.

Ele lembra
que, em 1962, no Chile, Pelé também se machucou em um dos primeiros jogos do
Mundial, contra a Tchecoslováquia. “Na época, também tínhamos um time forte.
Não me preocupei porque o substituto, Amarildo, era um ótimo jogador, quase não
houve diferença”, conta o “Seo Tonico”, que garante ter sido bom de bola por 35
anos. "Meu jogador favorito, hoje, é o Neymar porque ele lembra a
mim", brinca.
Ana também
tem lembranças de outras Copas do Mundo. “Em 1994, eu tive meu primeiro infarto
e tive que ficar internada. Falei para o médico que estava mais chateada por
estar perdendo o jogo do Brasil do que por estar doente. Mas ele me
tranquilizou e disse que a partida nem estava tão boa assim”, lembra. Já fora
do hospital, Ana lembra, inclusive, do pênalti perdido pelo jogador italiano,
Roberto Baggio. Depois, ela teve ainda mais dois infartos.
Ao longo dos
70 anos, o casal teve sete filhos, 22 netos e 29 bisnetos. Seis dos 7 filhos
nasceram com a ajuda de uma parteira, em casa mesmo. O filho mais novo, João
Vicente Gonçalves, de 50 anos, também se lembra de episódios com a família
durante Mundiais. “Em 1970, a novidade era a televisão colorida. Eu tinha 7
anos e me lembro da final entre Brasil e Itália. Fomos campeões e meu pai me
levou para a gente comemorar na Avenida Vicente Machado. Era uma festa enorme”,
lembra.
Ana &
Antonio
Há quase cinco décadas, o casal vive em uma casa de madeira na Colônia Dona Luíza. Antes, eles viviam em Imbituva, também nos Campos Gerais, cidade onde se conheceram. “Foi durante uma procissão de Corpus Christi que começou o nosso amor. Eu tinha 18 e ele, 25”, lembra ela. Ana relata que os dois namoraram durante quase dois anos, sem dar um beijo sequer. “Eu atravessava a cidade a cavalo e não ganhava nem um beijinho”, afirma Antonio.
Há quase cinco décadas, o casal vive em uma casa de madeira na Colônia Dona Luíza. Antes, eles viviam em Imbituva, também nos Campos Gerais, cidade onde se conheceram. “Foi durante uma procissão de Corpus Christi que começou o nosso amor. Eu tinha 18 e ele, 25”, lembra ela. Ana relata que os dois namoraram durante quase dois anos, sem dar um beijo sequer. “Eu atravessava a cidade a cavalo e não ganhava nem um beijinho”, afirma Antonio.
Eu
atravessava a cidade a cavalo e não ganhava nem um beijinho"
Antonio
Gonçalves
Ambos
concordam que o maior segredo para um casamento duradouro é a paciência. “O
segredo é, além de amor, paciência, muita paciência um com o outro. As
briguinhas sempre tiveram, mas a gente se acertava e, assim, fomos levando a
vida. Às vezes, a gente dormia um de costas para o outro por uma semana, mas
daí a gente se acertava e a coisa ficava melhor ainda”, revela. Eles dizem que
ver toda a família reunida, que eles construíram juntos, é a maior felicidade.
As Bodas de
Vinho foram comemoradas antecipadamente, no domingo (6). Teve almoço , muito
vinho, e os netos fizeram uma árvore genealógica da família com flores. Mas
foram os filhos que ganharam presentes. Cada um saiu da festa com uma caixinha.
Dentro, um envelope com uma mensagem escrita à mão para cada filho. “Rose,
muito obrigada por tudo o que você fez e continua fazendo. Deus te abençoe e a
bênção do pai Antonio e da mãe Ana”, era o que dizia o bilhete da filha Rose
Gilda.
Antonio
sempre se identificou com a escrita. Desde jovem, ele guarda um livro em que
registra as memórias que têm em forma de poema. Para os 70 anos de casados e as
17 Copas do Mundo juntos, ele fez um poema especial. “Em 1950, a primeira Copa
eu escutei sozinho, vou contar para vocês. Agora, em 2014, estou acompanhando o
Mundial outra vez. Junto com vocês e com a minha Ana pela 17ª vez”.

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