sábado, 5 de julho de 2014



PORTO ALEGRE e FLORIANÓPOLIS – Mais de 10 mil pessoas no Rio Grande do Sul e de 42 mil pessoas em Santa Catarina estão fora de suas casas devido à chuva que assola a região há cinco dias. Apesar da trégua desta segunda-feira, 59 cidades gaúchas foram atingidas pelas enxurradas, segundo a Defesa Civil do estado.

 Em Santa Catarina, as chuvas deixaram cerca de quatro mil desabrigados no estado entre quarta-feira da semana passada e este domingo, segundo a Defesa Civil catarinense. São 41 municípios afetados pelas fortes precipitações dos últimos dias — 18 em situação de emergência. Casas foram arrastadas e danificadas pela enxurrada. Os prejuízos também atingiram a agricultura e a infraestrutura, com desmoronamento de rodovias, encostas, e desabastecimento de água e energia elétrica.

O governo gaúcho convocou uma reunião de emergência para esta manhã, no Palácio Piratini, com todas as secretarias e órgão estaduais que estão agindo na recuperação dos municípios atingidos por enchentes e no auxílio às comunidades. Além da ajuda humanitária, a reunião dará seguimento a ações para a desobstrução e restauração imediata de vias, pontes e moradias. O balanço indica que 21 rodovias estão parcial ou totalmente bloqueadas devido à cheia.

A região Norte é a mais atingida no Rio Grande do Sul, especialmente na área do rio Uruguai – na divisa com Argentina e Santa Catarina. Nove cidades ingressaram com decreto de situação de emergência, enquanto outras seis informaram situação de desastre. A situação é mais dramática nas cidades de São Borja, Iraí, Porto Mauá e Porto Xavier. Nessas duas últimas cidades o serviço de balsas entre Brasil e Argentina está suspenso.

O nível do rio Uruguai começou a baixar nesta segunda-feira e a perspectiva é que essa diminuição prossiga durante a semana, mas a meteorologia prevê que a chuva volte a Rio Grande do Sul a partir da quarta-feira. Em cinco dias, foram mais de 360 milímetros de precipitação acumulados. O Uruguai chegou a estar 18 metros acima do seu nível normal.

Entraram para a lista da Defesa Civil, no boletim mais recente, as cidades de Pontão, no Norte, Sinimbu, no Vale do Rio Pardo, e Uruguaiana, na Fronteira Oeste. Um Centro de Comando da Defesa Civil foi instalado em Frederico Westphalen para orientar os prefeitos e facilitar a decretação da situação de emergência.

O Estado despachou uma carreta e um caminhão com kits de dormitório, higiene, limpeza e cestas de alimentos para a região Noroeste. Também estão sendo encaminhados materiais de ajuda humanitária para o Norte e a Fronteira Oeste. Ainda não há previsão sobre quando as famílias deslocadas poderão voltar para casa.

CHUVA INTENSA EM SC CHAMOU ATENÇÃO DA NASA
A chuvarada da última semana em Santa Catarina chamou a atenção até da agência espacial norte-americana, a Nasa. A Defesa Civil do Estado divulgou que, de acordo com a análise do satélite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission), o volume de chuva em três dias (até sábado) foi superior aos 225 milímetros. O índice perdeu apenas para Scoresbysund, na Groenlândia, com 478 milímetros. A estação meteorológica automática, administrada pela Epagri/Ciram, contabilizou acumulado de 300,8 milímetros.

Os maiores volumes de chuva em Santa Catarina foram no extremo Oeste, numa região que não era atingida por enchentes desde 1983. Em São Carlos, um dos municípios mais atingidos pelas chuvas, pelo menos 90 famílias foram atingidas. Dentre estas, 40 estão alojadas em abrigos municipais e as demais na casa de parentes e amigos, de acordo com o secretário municipal de Administração, João Carlos Knorst.

— Retiramos 90 famílias do Balneário de Pratas, às margens do rio Uruguai. As casas ficaram submersas, algumas foram levadas ou ficaram com a estrutura comprometida. A rede de água e de energia estão danificadas. Acho que só para quarta ou quinta-feira, algumas famílias poderão voltar para casa — declarou o secretário, declarando que ocorreu uma grande perda com a produção de leite, aves e suínos, pois as propriedades ficaram isoladas:

— Só com estradas, pontes, ruas e calçadas se estima um prejuízo superior a R$ 1,5 milhão, e na iniciativa privada é muito mais do que isso. Nossas equipes já trabalham no levantamento das perdas — afirmou o secretário Knorst.

A Defesa Civil emitiu alerta esta manhã para a chuva, que persiste no Estado, e a possibilidade de deslizamentos, principalmente no Vale do Itajaí e na Grande Florianópolis. A presença de um ciclone extratropical entre o litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina deve intensificar o vento do quadrante Sul, com rajadas de 60 quilômetros a 70 quilômetros por hora, chegando a até 100 quilômetros em áreas mais afastadas da costa.


Durante a segunda-feira o mar fica de agitado a muito agitado no litoral de Santa Catarina, com ondas de até quatro metros ao Sul de Itajaí e em áreas afastadas da costa. As atividades de pesca com pequenas e médias embarcações são “expressamente desaconselháveis” no período, segundo a Defesa Civil.

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