
PORTO ALEGRE
e FLORIANÓPOLIS – Mais de 10 mil pessoas no Rio Grande do Sul e de 42 mil
pessoas em Santa Catarina estão fora de suas casas devido à chuva que assola a
região há cinco dias. Apesar da trégua desta segunda-feira, 59 cidades gaúchas
foram atingidas pelas enxurradas, segundo a Defesa Civil do estado.
Em Santa
Catarina, as chuvas deixaram cerca de quatro mil desabrigados no estado entre
quarta-feira da semana passada e este domingo, segundo a Defesa Civil
catarinense. São 41 municípios afetados pelas fortes precipitações dos últimos
dias — 18 em situação de emergência. Casas foram arrastadas e danificadas pela
enxurrada. Os prejuízos também atingiram a agricultura e a infraestrutura, com
desmoronamento de rodovias, encostas, e desabastecimento de água e energia
elétrica.
O governo
gaúcho convocou uma reunião de emergência para esta manhã, no Palácio Piratini,
com todas as secretarias e órgão estaduais que estão agindo na recuperação dos
municípios atingidos por enchentes e no auxílio às comunidades. Além da ajuda
humanitária, a reunião dará seguimento a ações para a desobstrução e
restauração imediata de vias, pontes e moradias. O balanço indica que 21
rodovias estão parcial ou totalmente bloqueadas devido à cheia.
A região
Norte é a mais atingida no Rio Grande do Sul, especialmente na área do rio
Uruguai – na divisa com Argentina e Santa Catarina. Nove cidades ingressaram
com decreto de situação de emergência, enquanto outras seis informaram situação
de desastre. A situação é mais dramática nas cidades de São Borja, Iraí, Porto
Mauá e Porto Xavier. Nessas duas últimas cidades o serviço de balsas entre
Brasil e Argentina está suspenso.
O nível do
rio Uruguai começou a baixar nesta segunda-feira e a perspectiva é que essa
diminuição prossiga durante a semana, mas a meteorologia prevê que a chuva
volte a Rio Grande do Sul a partir da quarta-feira. Em cinco dias, foram mais
de 360 milímetros de precipitação acumulados. O Uruguai chegou a estar 18
metros acima do seu nível normal.
Entraram
para a lista da Defesa Civil, no boletim mais recente, as cidades de Pontão, no
Norte, Sinimbu, no Vale do Rio Pardo, e Uruguaiana, na Fronteira Oeste. Um
Centro de Comando da Defesa Civil foi instalado em Frederico Westphalen para
orientar os prefeitos e facilitar a decretação da situação de emergência.
O Estado
despachou uma carreta e um caminhão com kits de dormitório, higiene, limpeza e
cestas de alimentos para a região Noroeste. Também estão sendo encaminhados
materiais de ajuda humanitária para o Norte e a Fronteira Oeste. Ainda não há
previsão sobre quando as famílias deslocadas poderão voltar para casa.
CHUVA
INTENSA EM SC CHAMOU ATENÇÃO DA NASA
A chuvarada
da última semana em Santa Catarina chamou a atenção até da agência espacial
norte-americana, a Nasa. A Defesa Civil do Estado divulgou que, de acordo com a
análise do satélite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission), o volume de
chuva em três dias (até sábado) foi superior aos 225 milímetros. O índice
perdeu apenas para Scoresbysund, na Groenlândia, com 478 milímetros. A estação
meteorológica automática, administrada pela Epagri/Ciram, contabilizou
acumulado de 300,8 milímetros.
Os maiores
volumes de chuva em Santa Catarina foram no extremo Oeste, numa região que não
era atingida por enchentes desde 1983. Em São Carlos, um dos municípios mais
atingidos pelas chuvas, pelo menos 90 famílias foram atingidas. Dentre estas,
40 estão alojadas em abrigos municipais e as demais na casa de parentes e
amigos, de acordo com o secretário municipal de Administração, João Carlos
Knorst.
— Retiramos
90 famílias do Balneário de Pratas, às margens do rio Uruguai. As casas ficaram
submersas, algumas foram levadas ou ficaram com a estrutura comprometida. A
rede de água e de energia estão danificadas. Acho que só para quarta ou quinta-feira,
algumas famílias poderão voltar para casa — declarou o secretário, declarando
que ocorreu uma grande perda com a produção de leite, aves e suínos, pois as
propriedades ficaram isoladas:
— Só com
estradas, pontes, ruas e calçadas se estima um prejuízo superior a R$ 1,5
milhão, e na iniciativa privada é muito mais do que isso. Nossas equipes já
trabalham no levantamento das perdas — afirmou o secretário Knorst.
A Defesa
Civil emitiu alerta esta manhã para a chuva, que persiste no Estado, e a
possibilidade de deslizamentos, principalmente no Vale do Itajaí e na Grande
Florianópolis. A presença de um ciclone extratropical entre o litoral do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina deve intensificar o vento do quadrante Sul,
com rajadas de 60 quilômetros a 70 quilômetros por hora, chegando a até 100
quilômetros em áreas mais afastadas da costa.
Durante a
segunda-feira o mar fica de agitado a muito agitado no litoral de Santa
Catarina, com ondas de até quatro metros ao Sul de Itajaí e em áreas afastadas
da costa. As atividades de pesca com pequenas e médias embarcações são
“expressamente desaconselháveis” no período, segundo a Defesa Civil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria!