Mais cedo,
Xuxa, que acompanhava votação, foi hostilizada por deputado do PSB, que acabou
afastado do debate; ela mandou coraçãozinho a ele
"Rainha
dos baixinhos em 1982 provocou maior violência contra as crianças em um filme
pornô", disse Pastor Eurico na Câmara
Lei proíbe
castigos físicos dos pais contra as crianças e relembra o caso do garoto morto
no Rio Grande do Sul.

Hostilizada
em sessão na CCJ, Xuxa responde à ofensa com sinal de coração Ailton de
Freitas / Agência O Globo
BRASÍLIA -
Depois de acordo com a bancada evangélica, a Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Câmara aprovou nesta quarta-feira, em caráter terminativo e em votação
simbólica, a chamada Lei da Palmada, que visa a coibir o emprego de castigo
físico, tratamento cruel ou degradante contra crianças e adolescentes. A
proposta segue agora para o Senado.
Após quatro
anos de tramitação, foi feito um acordo para deixar claro no texto que o
projeto refere-se a sofrimento físico. Deputados evangélicos resistiam à
proposta por considerá-la uma interferência do Estado na educação familiar.
- O projeto
cria regras para proteger as crianças contra tortura, tratamento humilhante.
Tem criança sendo queimada com ferro, com colher, sendo espancada e morta. Não
há punição para os pais, é só orientação - afirmou o relator, deputado
Alessandro Molon (PT-RJ).
Os deputados
decidiram batizar o projeto de “Lei Menino Bernardo”, em homenagem a Bernardo
Boldrini, assassinado no Rio Grande do Sul. Os principais suspeitos do crime
são o pai e a madrasta.
A primeira
sessão realizada nesta quarta-feira, pela manhã, para tentar votar a Lei da
Palmada foi tumultuada, e a apresentadora de TV Xuxa Meneghel, que acompanhava
a tentativa de votação, chegou a ser hostilizada por um deputado da bancada
evangélica.
- A
conhecida Rainha dos Baixinhos em 1982 provocou a maior violência contra as
crianças em um filme pornô - disse o deputado Pastor Eurico (PSB-PE).
Xuxa, que
apoiou o projeto, riu e fez um sinal de coração com as mãos na direção do
deputado. Ela não tinha direito à palavra, por não ser parlamentar, e não deu
declarações ao deixar o local. O presidente da Câmara, deputado Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu que a agressão seja retirada das notas
taquigráficas.
Depois desse
episódio, o PSB substituiu Pastor Eurico pelo deputado Júlio Delgado (MG) na
CCJ, mas o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou, de acordo
com participantes da reunião em que foi fechado o acordo para a votação, que
cederá uma vaga de seu partido na comissão para ele continuar como membro da
Comissão de Constituição e Justiça.
Em nota do
líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), o partido afirmou que a conduta
de Pastor Eurico foi "intolerante, desrespeitosa e desnecessariamente
agressiva” e não representa de forma alguma o pensamento do PSB, que manifesta
“apreço e respeito pelo empenho da referida artista, que deseja aprovar a lei
que propõe a cultura da não agressão”. Beto Albuquerque afirmou ainda que o
episódio foi constrangedor.
O projeto
estabelece que a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante. A
sanção mais dura imposta pela Lei da Palmada é uma advertência. Há previsão
também de medidas como encaminhamento para tratamento psicológico ou
psiquiátrico.
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