Juiz do
Paraná informou ao ministro Teori Zavascki que a PF encontrou oito depósitos de
Youssef para o senador alagoano
SÃO PAULO -
o juiz da 13ª Vara Criminal Federal do Paraná, Sérgio Fernando Moro, informou
nesta quinta-feira ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que
a Polícia Federal encontrou no escritório do doleiro Alberto Youssf
comprovantes de depósitos bancários em espécie no valor de R$ 50 mil, em nome
do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Os comprovantes foram encontrados
durante busca e apreensão da Operação Lava-Jato feita em março no escritório do
doleiro. O juiz informa ao ministro Zavascki que Collor de Mello não é
investigado e apenas comunica a existência dos depósitos em nome do
ex-presidente da República.
A existência
dos depósitos consta em relatório da Polícia Federal ao juiz Sérgio Moro sobre
a ação penal contra Youssef e contra o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras, Paulo Roberto da Costa. A PF mostra que os R$ 50 mil foram
depositados para Collor de Mello em oito pagamentos fracionados, nos valores de
R$ 1.500; R$ 9.000: R$ 1.500; R$ 9.000; R$ 8.000; R$ 9.000; R$ 8.000; e R$
4.000. A PF não explica a razão dos depósitos.
De acordo
com o relatório da PF, os depósitos de Youssef para Collor ocorreram nos meses
de fevereiro, março e maio do ano passado.
"Relativamente
ao material apreendido, juntado ontem nos autos eletrônicos, foi este juízo
alertado pela autoridade policial que nele constam oito comprovantes de
depósitos bancários em espécie que teriam sido encontrados no escritório de
Alberto Youssef e que teriam por beneficiário o senador da República Fernando
Affonso Collor de Mello. Apesar disso, observo que não há qualquer indício do
envolvimento do referido parlamentar nos crimes que já foram objeto das
aludidas oito ações penais propostas", disse o juiz ao ministro Zavascki.
Sérgio Moro
diz, na correspondência eletrônica, que a relação do doleiro com Collor era
totalmente desconhecida pelo juízo até aqui.
"Tal
prova e eventual relação entre o suposto doleiro e o referido senador era
absolutamente desconhecida deste juízo, tendo sido encontrada fortuitamente
durante a busca e apreensão. Inviável antes da busca, concluir pela presença de
indícios de crimes praticados por parlamentar e pela competência do Supremo
Tribunal Federal, já que surgiram somente após a diligência", diz o juiz.
O GLOBO
procurou hoje em Brasília o senador, mas não o localizou em seu gabinete. Seu
chefe de gabinete também não retornou os recados deixados na secretária
eletrônica de seu celular.
Na mensagem
enviada a Zavascki, o juiz da 13ª Vara Federal Criminal aproveita para
esclarecer que não autorizou a Polícia Federal a fazer a diligência que
encontrou conversas entre o deputado federal André Vargas (sem partido-PR) e
Alberto Youssef, na qual teria sido marcada reunião na casa do deputado Cândido
Vacarezza (PT-SP).
"Muito
embora o relatório preparado pela Polícia Federal para a remessa do material do
deputado federal André Vargas mencione o deputado federal Cândido Vacarezza,
observo que a menção diz respeito a suposta reunião dele com Alberto Youssef,
sem que, em princípio, se possa inferir caráter criminoso do evento em questão.
Apesar do agente policial sugerir, no relatório, a este juízo, que obtivesse
confirmação de que determinado aparelho Blackberry pertenceria ao referido
deputado, observo que este juízo não autorizou essa diligência e a recomendação
consta em relatório solicitado por este juízo com o propósito especifico de
remessa do material ao Supremo Tribunal Federal", explicou Moro a Zavaski.
Moro
explicou ainda que os deputados André Vargas e Luiz Argôlo (Solidariedade-BA)
não são investigados pela Operação Lava-Jato. É que durante as investigações,
os nomes dos dois deputados aparecem envolvidos com o doleiro Alberto Youssef.
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