sexta-feira, 23 de maio de 2014

PF encontrou depósitos de Youssef para o senador Collor de Mello

Juiz do Paraná informou ao ministro Teori Zavascki que a PF encontrou oito depósitos de Youssef para o senador alagoano

                             Em discurso na tribuna do Senado, senador Fernando Collor (PTB-AL). Foto: Pedro França/Agência Senado

SÃO PAULO - o juiz da 13ª Vara Criminal Federal do Paraná, Sérgio Fernando Moro, informou nesta quinta-feira ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que a Polícia Federal encontrou no escritório do doleiro Alberto Youssf 

comprovantes de depósitos bancários em espécie no valor de R$ 50 mil, em nome do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Os comprovantes foram encontrados durante busca e apreensão da Operação Lava-Jato feita em março no escritório do doleiro. O juiz informa ao ministro Zavascki que Collor de Mello não é investigado e apenas comunica a existência dos depósitos em nome do ex-presidente da República.
A existência dos depósitos consta em relatório da Polícia Federal ao juiz Sérgio Moro sobre a ação penal contra Youssef e contra o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto da Costa. A PF mostra que os R$ 50 mil foram depositados para Collor de Mello em oito pagamentos fracionados, nos valores de R$ 1.500; R$ 9.000: R$ 1.500; R$ 9.000; R$ 8.000; R$ 9.000; R$ 8.000; e R$ 4.000. A PF não explica a razão dos depósitos.

De acordo com o relatório da PF, os depósitos de Youssef para Collor ocorreram nos meses de fevereiro, março e maio do ano passado.

"Relativamente ao material apreendido, juntado ontem nos autos eletrônicos, foi este juízo alertado pela autoridade policial que nele constam oito comprovantes de depósitos bancários em espécie que teriam sido encontrados no escritório de Alberto Youssef e que teriam por beneficiário o senador da República Fernando Affonso Collor de Mello. Apesar disso, observo que não há qualquer indício do envolvimento do referido parlamentar nos crimes que já foram objeto das aludidas oito ações penais propostas", disse o juiz ao ministro Zavascki.

Sérgio Moro diz, na correspondência eletrônica, que a relação do doleiro com Collor era totalmente desconhecida pelo juízo até aqui.
"Tal prova e eventual relação entre o suposto doleiro e o referido senador era absolutamente desconhecida deste juízo, tendo sido encontrada fortuitamente durante a busca e apreensão. Inviável antes da busca, concluir pela presença de indícios de crimes praticados por parlamentar e pela competência do Supremo Tribunal Federal, já que surgiram somente após a diligência", diz o juiz.

O GLOBO procurou hoje em Brasília o senador, mas não o localizou em seu gabinete. Seu chefe de gabinete também não retornou os recados deixados na secretária eletrônica de seu celular.

Na mensagem enviada a Zavascki, o juiz da 13ª Vara Federal Criminal aproveita para esclarecer que não autorizou a Polícia Federal a fazer a diligência que encontrou conversas entre o deputado federal André Vargas (sem partido-PR) e Alberto Youssef, na qual teria sido marcada reunião na casa do deputado Cândido Vacarezza (PT-SP).

"Muito embora o relatório preparado pela Polícia Federal para a remessa do material do deputado federal André Vargas mencione o deputado federal Cândido Vacarezza, observo que a menção diz respeito a suposta reunião dele com Alberto Youssef, sem que, em princípio, se possa inferir caráter criminoso do evento em questão. Apesar do agente policial sugerir, no relatório, a este juízo, que obtivesse confirmação de que determinado aparelho Blackberry pertenceria ao referido deputado, observo que este juízo não autorizou essa diligência e a recomendação consta em relatório solicitado por este juízo com o propósito especifico de remessa do material ao Supremo Tribunal Federal", explicou Moro a Zavaski.

Moro explicou ainda que os deputados André Vargas e Luiz Argôlo (Solidariedade-BA) não são investigados pela Operação Lava-Jato. É que durante as investigações, os nomes dos dois deputados aparecem envolvidos com o doleiro Alberto Youssef.

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