Em audiência
com poucos senadores e mais uma vez boicotada pela oposição, o ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró assegurou à CPI do Senado que
não enganou Dilma Rousseff ao omitir cláusulas em documento sobre a compra da
refinaria de Pasadena, nos EUA. O resumo executivo elaborado por Cerveró teria
embasado a decisão do Conselho de Administração da estatal, à época presidido
por Dilma, de aprovar o negócio.
Cláusulas
não mencionadas no resumo, conhecidas como Marlin e put option, resultaram
em despesas milionárias para a Petrobras. Em março, Dilma afirmou, em nota à
imprensa, que teria votado a favor da compra da refinaria com base em parecer
"falho".
- Foi-me
perguntado se eu teria enganado a então presidente do Conselho de Administração.
Não. É evidente que não. É extremamente injusto, depois de quase 40 anos de
Petrobras, esse tipo de consideração, de eu ter enganado. Para mim, é
inaceitável - disse Cerveró nesta quinta-feira (22).
O ex-diretor
também afirmou que Dilma Rousseff não foi a responsável pela compra de
Pasadena. Ele deixou claro que a operação se justificou pela estratégia da
empresa, na época, de se expandir no exterior. Além disso, repetiu a avaliação feita pelo ex-presidente da Petrobras, Sérgio
Gabrielli, de que a operação de compra de Pasadena foi um bom negócio para
a empresa.
- Não há
responsável individual. Nem a presidente, nem qualquer outro conselheiro é
responsável individualmente pela compra de qualquer ativo, ou venda de qualquer
ativo. Somos todos nós responsáveis pela compra de Pasadena, que foi uma compra
acertada. Isso é importante e eu quero deixar registrado: essa compra foi
acertada.
Acusações à
imprensa
O ex-diretor
da Petrobras criticou o que chamou de especulação dos meios de comunicação
quanto aos valores gastos com a compra de Pasadena. Ele confirmou que a
refinaria custou à Petrobras US$ 1,2 bilhão, mas negou que a belga Astra Oil
tenha tido um lucro considerável com a operação.
Segundo
Cerveró, antes da negociação com a estatal brasileira, a Astra havia comprado
Pasadena da Crown Refinery por US$ 360 milhões e não por US$ 48 milhões, como
noticiado. Ele reiterou que as cláusulas Marlin e put option são
usuais em operações deste porte.
- Não as
considero leoninas. Se fossem leoninas, seriam danosas à companhia. Elas não
foram. A Marlin, indiscutivelmente, não foi e a put option é uma
condição de saída, condição normal, negociada, que não foi imposta, nem para um
lado nem para outro - explicou.
Sem
novidades
O relator da
CPI da Petrobras, José Pimentel (PT-CE), disse que o depoimento de Nestor
Cerveró pouco acrescentou às investigações sobre possíveis irregularidades na
compra de Pasadena. Ele afirmou que o negócio já foi objeto de apuração de
outra comissão parlamentar de inquérito, em 2009, e lembrou que há outras
averiguações em andamento.
- Isso já
foi objeto de uma CPI em 2009 e nós temos um conjunto de dados sobre Pasadena
apurados pelos órgãos de fiscalização no Brasil. Esta CPI não traz nenhum fato
novo sobre Pasadena, porque já foi investigada em uma CPI em 2009. Além disso,
é objeto de uma investigação no Tribunal de Contas da União. É uma CPI que já
tem um conjunto de investigações feitas ao longo dos últimos quatro anos -
afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria!